Nem Últimos, nem Primeiros
Não será nenhum absurdo presumirmos que qualquer pessoa razoavelmente bem informada admita que existam “carências elementares – como a fome, a falta de vestimenta, de moradias, de facilidades sanitárias mínimas contra enfermidades curáveis e o acesso a um mínimo de escolaridade – que afligem a quase totalidade da espécie humana”.
Não se pode discordar também de que essas carências deverão ser mantidas para que as categorias privilegiadas ou dominantes possam contar com as prerrogativas de que dispõem e que lhes garantem uma qualidade de vida superior. O que é uma característica das sociedades de modelo privatista ou capitalista. Onde uns poucos têm muito, enquanto muitos deverão sempre ter pouco.
Fica difícil imaginarmos quando, mas a persistirem essas condições de desigualdade, a tendência será a reiteração de convulsões sociais com uma frequência cada vez maior pelos diferentes pontos do planeta.
Antes de se pensar em crítica ao capitalismo, focalizamos aqui as projeções de crises sociais disseminando-se com velocidade crescente por todo o mundo. Como tem acontecido em solo brasileiro. A partir de condições sempre mais adversas a que estão sujeitas as categorias marginalizadas. Alargando a base da pirâmide com o seu constante aumento populacional.
Se a China – com 1,357 bilhão de habitantes em 2013, ou 20% da população mundial – não tivesse dado a solução que deu à forma de se conduzir política e economicamente, talvez tivesse se esfacelado como nação. E não seria hoje a moderna potência que é, capaz de assombrar o Ocidente.
Isso nos lembra a peculiaridade que podemos atribuir ao dito popular “Os últimos serão os primeiros”. Ainda que se considere a ausência dos últimos. Que, não existindo, obviamente não justificariam a existência dos primeiros.
Rio, 26/02/2015