Deus só Deseja Ouvir
Pela sua própria condição de “núcleos de pensamento independente e de atividade cultural livre”, as universidades e os centros de pesquisa são instituições geradoras de eventuais polêmicas e até conflitos com o que consideram como o mais adequado para as nossas vidas. Normalmente desde a pia batismal, conforme a doutrina católica, ou outras orientações de caráter religioso.
Mas os conflitos se dão também com os órgãos do poder civil e/ou militar, quando seus interesses não são os dos cientistas e estudiosos. Gerando ainda problemas éticos, de ordem pessoal, nos que foram os próceres, como em seus seguidores, da Revolução Termonuclear, por exemplo. Fazendo com que eles tivessem a ilusão de que “assumiriam as alavancas do poder” por se tornarem “agentes humanos ... capazes de dar fim a todas as formas de vida”. O que não tem paralelo, no que se refere à forma de vida humana, se comparado aos genocídios e extermínios de pessoas ou populações provocados por combates e guerras, todos eles de caráter essencialmente militar. E ditados por esse poder ou pelo poder civil enquanto gestores de uma nação.
Sob o ponto de vista religioso, dentre outras, as questões do aborto e da utilização de células-tronco pela medicina têm se tornado relevantes e emblemáticas. Pelo menos em relação ao aborto é visceral a discordância da Igreja em relação à sua prática. O que impede maiores discussões sobre o assunto, mesmo ao nível da livre pesquisa e formulações científicas. Gerando procedimentos clandestinos, já que se tornam ações muito difíceis de serem evitadas, sobretudo nos meios mais carentes. Agravadas pelo aumento populacional e estimuladoras de um mercado de trabalho que se torna mais atraente na medida em que é proibido.
Numa semelhança acentuada com o uso a cada dia mais disseminado das drogas. Cuja proibição não consegue deter a expansão do tráfico, a ponto de torna-lo uma das atividades mais lucrativas em todo o mundo. A despeito de penas de morte ou punições nesse âmbito. Basta evitar a Indonésia.
Uma outra proibição, essa verdadeiramente ridícula, diz respeito à condenação da atividade sexual antes do casamento. A adjetivação forte aqui deve-se ao fato de se tratar de uma conduta praticamente sem chances de ser imposta às pessoas. Sobretudo aos mais jovens. Conduta que de certa forma acha-se em simbiose com o aborto ou o tem como uma de suas consequências. Além das chamadas DSTs (doenças sexualmente transmissíveis).
De qualquer maneira, não será amedrontando as pessoas com a punição ou intolerância divinas, ou com o comprometimento da própria saúde, que conseguiremos que elas atuem da forma que nos parece a mais acertada.