Pão Integral
Religião e carne são duas coisas que nunca estiveram separadas. Ao contrário do que ensinaram (ou ensinam) certos paranoicos religiosos que torturaram e levaram à fogueira aqueles que não os seguiram ou ousaram contrariar seus ensinamentos. Em muitos casos depois de tê-los submetidos a uma variedade de atos sexuais em orgias desenfreadas. De que eventualmente participaram.
E são também duas coisas que possivelmente nunca estarão superadas. Dada à nossa apreensão quanto ao futuro, embora o ponto final já se apresente no momento em que nascemos. E dada às nossas necessidades fisiológicas básicas, sabendo-se que, dentre uma grande variedade de valores, estamos programados para o prazer pela própria natureza, divina ou não.
Essa circunstância ou dualidade parece ter o caráter incontestável. Não existem guerras santas que não o sejam também políticas. Tendo em vista que a própria religião é uma política de dominação. O papa disse ontem, por exemplo, que as pessoas não precisam ter filhos como coelhos. Então a Igreja coloca-se (ou “sugere”) ao lado da contenção demográfica. Esperando que seus seguidores em todo o mundo tenham em mente essa prescrição.
Por outro lado, a perda de vidas é uma necessidade imperiosa em quaisquer guerras. Ou, dizendo-se de outra forma, não há guerras que não impliquem em perdas de vida. E a carne escorre pelo ralo. Indo fertilizar terrenos destinados à alimentação de outras bocas.
Trata-se, portanto, de um raciocínio que poderia ser submetido às crianças desde cedo. Claro que em linguagem compatível com a sua evolução mental ou faixa etária. Para que eles fossem se transformando em homens e mulheres com condições de avaliar a veracidade dessa postulação. Ou modifica-la, diante da maior expectativa de vida que tem hoje o ser humano e de todo o chamado “progresso” científico que se torna a cada dia mais avassalador e incontrolável.
Rio, 21/01/2015