A desconstrução e evolução das sociedades
O mundo está mudando? Não! Sempre mudou.
Ocorre que a velocidade das transformações tem sido grande e os impactos enormes.
Hoje, fazemos em um ano, aquilo que no passado levava dez para acontecer.
Em algumas áreas estamos ganhando muito, em outras perdendo demais. Isso faz parte da evolução?
Talvez sim, talvez não. Mas, faz parte das nossas escolhas.
Toda mudança traz consigo problemas e dilemas. A escolha provoca ganhos e perdas. Ganhos, pelos aspectos que nos beneficiarão. Perdas, por termos que abrir mão de alguma coisa.
Segue um exemplo: ao comprar um carro zerinho, ganhamos conforto e segurança no pacote. Mas, abrimos mão da liquidez. Pois, o dinheiro que estava no banco para qualquer emergência, agora foi transformado no carro, que se for vendido às pressas perderá valor.
Quando não conseguimos decidir se compramos o carro ou não, e isso é muito comum, temos, então, um dilema.
Muitas vezes para aprender é preciso desaprender. Os velhos conceitos podem nos impedir de aceitar novas premissas. A cola do conhecimento é ativada pelo aditivo da disposição.
É importante lembrar que convicção é a certeza em relação a algo. E esta vem com nossa experiência. Boas decisões e más decisões são os alicerces das nossas convicções.
Sociedades são formadas e influenciadas pelas convicções de indivíduos com forte perfil de liderança. Em muitas, o desaparecimento destes impede a continuidade do processo evolutivo.
Nesses casos, as mudanças podem ocorrer em processo pacífico ou não. Tudo dependerá da disputa que houver para ocupação do vazio instalado.
O desejo de poder e o risco de sua perda também impedem a evolução das sociedades, e sua retomada pode exigir um processo de desconstrução, criando um ânimo novo para o aprendizado.
A sociedade que delega e abandona a participação na construção do futuro, sempre sofre mais com as mudanças. Afinal, terá que se conscientizar, se atualizar e aprender.
A reserva de mercado, durante décadas, nos afastou das melhorias tecnológicas. Quem tinha possibilidade de ter contato com alguns avanços no exterior ficava boquiaberto, e não podia aceitar essa trava em nosso progresso.
A abertura de mercado não cria apenas uma porta para inovações, mas abre a mente para uma revolução. E esta não é necessariamente de produtos, mas de estruturação de modelos mentais.
Desafiar a felicidade parece tão insensato, que o homem, quando tudo está bem, não muda. Provocar a tristeza é aborrecido e perigoso, portanto não questiona.
Diziam meus avós: - La historia se repite porque los hombres nunca cambian.
As sociedades têm procurado reciclar materiais e porque não fazê-lo com o pensamento? Revendo e reaplicando?
Que tal o conceito “Reviclando”?
Quantos trabalhos já não desmanchamos, para recomeçar, pois seguir o que estava feito nos levaria a resultados pouco satisfatórios?
Nesse sentido, o pensamento e a formação de conceitos são ainda mais complicados!
Tudo na vida é relativo e depende de seu campo de visão.
Gosto do conceito base zero, porque retira do processo o maior número possível de influências.
O estudo do absurdo também é muito interessante. Afinal, o conflito entre a tendência humana de buscar significado para algo e sua inabilidade ou dificuldade para encontra-lo é que criam o conceito do absurdo.
A desconstrução reduz esse conflito.
Lembre-se da velha sabedoria, frente ao inusitado: muitos perguntam por quê. Eu pergunto, porque não?
O paradigma é que, como seres individuais, de acordo com nossos modelos mentais, temos um padrão de comportamento.
O paradoxo é que, em busca de diferenciação, procuramos ser iguais.