Gladiadores emocionais
 
      Na antiguidade eram triviais as guerras corpo a corpo. Na Roma antiga, por exemplo, os gladiadores eram escravos treinados para o combate e davam suas vidas na arena para divertimento dos imperadores e de uma platéia sedenta de sangue. Evoluimos um pouco; tirando alguns países que ainda continuam com a barbárie do corpo a corpo e misséis, as "guerras" foram substituídas pelas mercadológicas e virtuais.
      Mas o nosso "eu gladiador" não está morto e diariamente enfrentamos "batalhas" terríveis. Não temos que pelejar entre sangue e areia, mas pelejamos no convívio social. Hoje nossas batalhas são emocionais e psicológicas, muitas delas travadas dentro do seio familiar e no ambiente de trabalho.
       São discussões sem necessidade, gritos, ciúmes, fofoca, palavrões, intrigas, traições, pessimismo, reclamações, mal entendido e outros fatores que nos afetam emocionalmente e gera uma vontade de jogar tudo para os ares e sair andando pelo mundo sem destino. Mesmo pessoas "fortes" que conseguem ter jogo de cintura diante dessas situações, com a repetição diária, acabam se desgastando depois de um certo tempo, principalmente quando o "inimigo" mora sob o mesmo teto, gerando acúmulo de stress que, infelizmente, em alguns casos termina com "sangue jorrado", como na antiga Roma.
       Essas situações corriqueiras causam repulsão entre os semelhantes e quebram relacionamentos que tinham tudo para dar certo. Se não soubermos lidar com elas, nos derrotam, minguando nossas certezas e destruindo-nos pouco a pouco. É importante reconhecê-las e nos esforçarmos para não "entrarmos no jogo" do outro, que nos provoca, temos que estar cientes de que ele usará de nossas fraquezas para nos afrontar e tentar nos jogar no chão frio do combate emocional.
       A diferença significativa entre nós e os gladiadores romanos é que somos "livres" para escolher nosso caminho e não escravos obrigados a se degladiarem até a morte. Como alegou o velho índio Cherokee, temos dois lobos lutando dentro de nós: um bom e outro mau - vence aquele que for alimentado.