Engenheiros?

Engenheiros?

No princípio de novembro eu fiz um remake de um artigo antigo com o título “Engenheiros do Hawaii” quando usei o nome de uma banda gaúcha para fazer uma crítica em cima da engenharia nacional. Lamentavelmente, é assustador o que cai de prédios, viadutos e obras públicas e privadas, isto sem falar nas estradas e pontes, recém-entregues que já apresentam rachaduras e indicativos do serviço mal feito, onde o importante é entregar as construções sem importar as regras de qualidade ou de segurança. O importante, para muitas construtoras era aprontar a obra no tempo contratado e receber a grana contratada. O aspecto econômico é superior à lógica, à técnica e à moral.

Recentemente, tomamos conhecimento do desabamento de uma ponte de concreto com 90 metros, BR-287, no município de São Pedro do Sul, na região central do estado, forçando carros e caminhões a aumentar o percurso em mais de cem quilômetros. E ainda aparece o Dnit tentando explicar o inexplicável. O chefe da estrada afirma que se a ponte não caísse teria que ser implodida. Que droga de ponte, seu doutor! É gozado como esses burocratas gastam muitas palavras idealizando situações que nada tem de ideais, mas que na boca deles soa como uma verdade incontestável. E não vai ninguém preso nem é chamado a indenizar as mancadas.

Quando trabalhei em Jaguari (1966-1969) eu conheci bem aquela região e a precariedade de estradas e pontes, onde era tudo estadual (Daer). Passava por ali semanalmente. Depois foi tudo encampado pela esfera federal. Asfaltaram as estradas e substituíram os pontilhões por pontes de concreto. Mas a porcaria ficou a mesma. Antes a estrada, de Santa Maria a Santiago que era de chão batido, foi asfaltada, o que, sem manutenção ficou igual ou pior. E a ponte?

Ah, a ponte de madeira, na famosa “reta do Toropi” durou mais do que a de concreto, construída pelos “engenheiros”. Eu nunca esqueço que era um longo pontilhão de mão-única, sem proteção lateral, mesmo assim não havia acidentes. Embora a precariedade, a ponte estaria lá até hoje, se não tivesse sido substituída por uma vistosa (e pouco eficiente) ponte de concreto, que caiu de forma bizarra.

Tenho voltado a Jaguari, para comprar vinhos, comer os célebres risotos da culinária local e rever os amigos que sobreviveram. As estradas, embora o apelido de “rodovia federal” estão cada vez pior.

Isto evidencia que a engenharia brasileira, principalmente aquela que é manutenida pelo poder público, ainda está muito longe de apresentar uma eficácia minimamente segura. Enquanto isto, os “engenheiros” parece que andam surfando no Hawaii.