O Voto não é Um Cheque Em Branco Depositado Nas Urnas Eletrônicas
O voto por conveniência será a opção de milhões de brasileiros nestas eleições. O interesse de alguns grupos negligenciará o bem da coletividade e o populismo descarado dos políticos arrebanhará os votos de esperança do povo. Opiniões estão sendo contaminadas por artimanhas eleitoreiras e as forças populares, como ovelhas dispersas, serão tolhidas.
Eis a grande lição que aprenderemos das urnas: A CONSCIÊNCIA POLÍTICA NÃO FAZ PARTE DA NOSSA REALIDADE HISTÓRICA, pois serão reeleitas as oligarquias que sempre estiveram no poder, com a exceção de novos candidatos vendidos por luxuosas campanhas publicitárias.
Há, ainda, o caso de grandes e conhecidos corruptos que voltarão ao poder, os candidatos que "roubam mais fazem", os cretinos eleitos pelos votos de legenda, os charlatães religiosos, os falsos moralistas, os demagogos e as celebridades oportunistas.
Enfim, o jeitinho brasileiro e a malandragem como arte, mais uma vez, alcançarão o projeto sociopolítico que compõe a "democracia" brasileira. Exatamente por isso, temos o país que merecemos!
Confesso que é lamentável ver os mesmos que outrora foram às ruas manifestar o seu descontentamento com a situação caótica do país, hoje, agitando bandeiras dos seus candidatos preferidos, torcendo por eles apaixonadamente - como se fosse algo lúdico - exatamente como fazem pelos times de futebol!
Mas, a Loucura é breve, tardio e longo é o arrependimento! É triste constatar que depois das eleições voltarão a se acomodar, petrificados no cimento da rotina e assentados passivamente na alvenaria da muralha social.
Ludibriaram os brasileiros dizendo que todos os problemas do país supostamente se resolvem no dia das eleições. Não consigo imaginar outra explicação para o desinteresse do povo pela atuação dos seus representantes, após elegê-los. É como se o voto fosse um ato de fé ou um cheque em branco depositado nas urnas eletrônicas!
O nosso maior desafio é destituir essa democracia representativa, pois os "poderes constituídos" (parlamentares) nunca representaram o "constituinte" (população). Urge ampliarmos nossa consciência política pela prática da democracia direta/participativa, quando o povo se envolve efetivamente na tomada de decisões.
Isso só será possível através do acesso a uma renda digna e, sobretudo, pelo investimento constante em escolaridade inclusiva, capaz de promover a formação intelectual do indivíduo e torná-lo apto para o exercício da cidadania plena.