AUTORITARISMO
AUTORITARISMO
O exagero do exercício da autoridade pessoal ou institucional sempre foi um tormento para a humanidade. Quem de nós nunca sofreu (ou praticou) uma atitude desse tipo na família, no trabalho, na escola, da igreja ou na sociedade pode se dizer um indivíduo privilegiado.
A autoridade e a hierarquia fazem parte de um quadro social sadio. Desde as antigas sociedades gregas, o princípio do arché para colocar uma ordem democrática capaz de disciplinar a vida das pessoas, em oposição ao despotismo, que era o governo em mãos de pessoas ou grupos que abusavam do poder, sem respeitar a opinião e os protestos dos demais.
Pois hoje vou falar na FIFA, um Leviatã que assombrou nossos dias antes e durante a Copa do Mundo. O órgão internacional do futebol sempre foi assim. Agora que vivemos uma Copa no Brasil, tivemos oportunidade de sentir diretamente esses percalços. No “caderno de encargos” para a organização da Copa, acho que a expressão que mais aparece lá é “não pode”. Tudo é proibido.
Os mentores da entidade atuam como uma nefasta “inquisição” que a tudo vigia, tudo proíbe sem dar flexibilidade e opções aos demais. Tudo começa pelo regime de terror que foi desencadeado pelas visitas do Secretário Geral, que ameaçava e humilhava dirigentes, empresários e autoridades nacionais. Pareciam as visitas dos inquisidores medievais aos mosteiros do passado. Depois que a FIFA determina uma coisa não há mais a quem recorrer. Isto é autoritarismo! A idéia de inquisição com autoritarismo me recorda certos atos da minha Igreja, onde decisões são tomadas de cima para baixo, sem diálogo: é assim e pronto!
Recentemente, no bojo das emoções da Copa, o jogador uruguaio Luis Suárez deu uma mordida no ombro de um zagueiro italiano. O “crime” não foi visto pelas autoridades de campo, mas flagrado pelas câmeras, que a tudo veem e de tudo tem ciência. Por conta disto, o atleta foi punido pela impessoalidade do Leviatã a um conjunto de penas e medidas humilhatórias que podem dar fim a sua carreira. Foi um julgamento fechado, intramuros, sem as formalidades desejáveis. Outros infratores de atitudes mais graves (fraturas, cabeçadas, agressões a árbitros, etc.) foram punidos com penas normais e racionais.
Falando em autoritarismo, me lembrei do ex-frei Leonardo Boff, que na década de 80 foi defenestrado pela “santa inquisição”, proibido de celebrar missa, pregar, dar aulas e escrever para editoras católicas. Foi uma decisão unilateral que não admitiu revisões. Hoje o mundo cultural e teológico reabilitou Boff, como já havia feito com Lutero e outros, vitimas do mesmo autoritarismo que não admite discordâncias. Esperamos a reabilitação de Luisito Suárez.