Aposentadoria, um direito individual !
Algum tempo atrás, passei por uma situação muito interessante, fui procurado no meu escritório, por uma senhora e suas duas filhas, reclamando da seguinte situação:
“ Olha Doutor, meu marido se aposentou da Usiminas, e a gente vivia tranquilo, o valor recebido, dava pra fazer a manutenção da casa, do carro e pagar a faculdade delas duas, apontando para as filhas. Só que ele adoeceu. As dificuldades, vieram todas de uma vez, estava sendo muito difícil pra mim, cuidar dele, cuidar da casa, das meninas ( 22 e 24 anos). Não teve jeito, fomos obrigados a colocá-lo no asilo . Nossa vida voltou ao normal, estávamos vivendo com a aposentadoria , mantendo a casa, pagando a Faculdade delas e ainda pagando, um salário mínimo para o asilo, cuidar dele. Mas, ai Doutor, apareceu uma enfermeira, levou ele pra casa dela e passou a receber a aposentadoria dele. Ele tem problemas nas pernas e nos braços, mas tem a cabeça boa, até melhor que a minha. Tem dois meses que estamos passando, por dificuldades, por isto viemos aqui pro senhor resolver nossa situação. “
Olhei para elas, cheias de razão, na visão delas, dei um sorriso irônico e disse: minha senhora, a aposentadoria é um benefício individual, cada um deve ter a sua. Este negócio de quando o meu marido aposentar, quando o papai aposentar, quando meu avô aposentar, vamos viver da aposentadoria. Nunca existiu e muito menos agora. Cada um, deve ter a sua aposentadoria, deve trabalhar e contribuir com o suor de seu rosto, de seu trabalho, exatamente para quando chegar a velhice poder “viver” com um pouco mais de dignidade, com acesso a um plano de saúde, com direito a uma enfermeira, podendo comprar remédios, é claro, isto se o dinheiro der! Ou se tiver na lista da Dilma.
O marido da senhora e papai das garotas, perdeu a saúde, trabalhando dia e noite dentro de uma siderúrgica, pra se aposentar. Será que foi pra viver com um salário mínimo? Claro que não! Parabéns pra enfermeira que, levou o papai de vocês pra casa, e, está dando carinho e um pouco de alivio para sua enfermidade. Quanto a vocês, não vejo outras alternativas , a não ser, pedir uma pensão alimentícia, procurando outro advogado. Ou ainda, arrumando um jeito de trabalhar, para no futuro ter as suas próprias aposentadorias. Quanto a senhora, trata de levar seu marido pra casa, reverter a situação. Se demorar, vai ter no mínimo que dividir a pensão por morte, com a enfermeira.
Resultado da história: papai divorciou-se da mamãe e casou-se com a enfermeira. A pensão por morte, está sendo dividida com as duas. As filhas estão trabalhando e a enfermeira, cuidando de outro na mesma situação. Quando a cabeça não dá o corpo padece, já dizia meu avô.