Dia da Saudade
No dia 30 de Janeiro comemora-se o Dia da Saudade. A palavra Saudade deriva do latim “Solitatem”, que na sua tradução literal significa isolamento/solidão. Com o passar dos anos, transformou-se de acordo com as variações da pronúncia, Solitatem passou a ser Solidade, depois Soldade e, finalmente, Saudade. Esta palavra que apenas existe na língua portuguesa define sentimentos de falta de pessoas, objectos, lugares ou acontecimentos vividos.
Outras línguas aproximam o significado amplo de saudade, trazendo conceitos próximos. Em inglês, a palavra saudade é demonstrada como sentir a falta (I miss you), em francês é a lembrança (souvenir) e em italiano como uma recordação de afecto (ricordo di affeto).
A história da palavra “saudade” confunde-se com a própria história de Portugal. A sua origem terá surgido na época da colonização do Brasil, onde os portugueses sofriam com a distância da sua terra, das suas casas e dos seus familiares. Os primeiros registos deste vocábulo datam das cantigas do século XIII mas é no século XV, com D. Duarte que a palavra saudade se incorporou à língua e à alma portuguesa. A época não poderia ter sido mais propícia pois correspondeu ao período das grandes navegações, onde o povo fazia da saudade o principal sentimento, tanto de quem partia para as novas descobertas marítimas como para quem ficava à espera que voltassem.
No século XX, o sentimento da saudade alcançou uma dimensão filosófica. O poeta Teixeira de Pascoaes desvinculou a saudade do passado, transformando-a num sentimento presente – e até futuro.
Ao longo da história podemos perceber a saudade nas músicas e nos poemas. Charlie Chaplin diz: “Sorri quando a dor te torturar e a saudade atormentar os teus dias tristonhos vazios”; Luís Fernando Veríssimo determina que “não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar”; Vinícius de Moraes e Tom Jobim cantaram a saudade dizendo: “Chega de saudade, a realidade é que sem ela não há paz, não há beleza é só tristeza e a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai”.
Podemos considerar que no dia da saudade as pessoas dedicam-se às lembranças dos seus entes queridos que estão ausentes, de factos que viveram ou de lugares e objectos que marcaram as suas vidas. Isso faz com que a palavra saudade se torne melancólica, trazendo um certo sofrimento.
Fernando Pessoa escreveu um poema com o nome de Saudade. No mesmo, o escritor relata os seus sentimentos sobre a amizade: "Um dia a maioria de nós irá separar-se. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos. Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido. [...] A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... E perder-nos-emos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que as pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"