Otimista sim... Mas com os pés no chão

“Entre o discurso e a prática há uma grande distância”, essa uma frase que nos lembra de forma clara o que acontece repetidamente pelo mundo afora, não só no Brasil. Dizer da “boca pra fora” qualquer coisa é apenas expressar um sentimento na superfície, o que não representa de forma alguma o cotidiano e o perfil de uma pessoa, faz parte apenas de dizeres repetitivos que se misturam com tantos outros e se caracterizam apenas como “jogar conversa fora”.

O clichê nos persegue, repetimos frases que a mídia nos impõe sem raciocinar no seu conteúdo, podemos inclusive estar sendo cúmplices de grandes atentados contra a humanidade por falta de reflexão do que falamos. A palavra, no entanto tem muita força, é a manifestação do pensamento e pode consolidar comportamentos que nós mesmos repudiamos.

Dizem que o mundo está piorando, a violência impera nas favelas, nas ruas, as cidades estão ficando inabitáveis, poluição, pobreza e miséria na África, aquecimento global, guerras sem fim minando povos inocentes, estradas da morte, acidentes, corrupção, pastores falando só do diabo, fim do mundo dando o maior ibope, mal, mal, mal,... muito mal...

O próximo ano, 2013, nº 13? Epa! Número da sorte, do azar? É uma confusão danada, a sorte existe ou não? Dá até medo pensar nisso, é melhor nem arriscar, nem tentar. Ficar parado esperando, talvez seja a solução, quem sabe não melhora? O que fazer? Meu Deus!

A verdade mesmo é que o Brasil já foi uma ditadura e hoje é uma democracia, a escravidão racial existiu e hoje um negro é presidente dos Estados Unidos da América, a mulher foi desrespeitada, discriminada e violentada historicamente, no entanto em Brasília uma delas preside o Brasil eleita por homens e mulheres. Existem milhões de ONGs lutando voluntariamente por um mundo melhor, voluntários que saem de suas pátrias, do seio de suas famílias e se mandam pra outras plagas, onde há inúmeras necessidades e onde seus braços, corações e mentes são colocados a serviço do amor.

Não há limites e nem fronteiras para o bem, existem programas tais como a Declaração Universal dos Direitos Humanos onde foram estabelecidas regras morais universais que servem de base para o comportamento humano perante seus semelhantes. Dizem que o Oriente Médio não tem mais jeito, mas é importante destacar que surgiu há pouco tempo o movimento pela liberdade, Primavera Árabe. Para todas as investidas da ignorância, existe sempre a contrapartida do bem, não há trégua para o mal e podemos ficar tranquilos que isso representa uma lei, Jesus não falou, “é necessário que venha o escândalo” para indicar que para todos os acontecimentos negativos, há sempre uma experiência aproveitada e um progresso feito? Importante lembrar que a frase continua “mas ai daquele que provocou o escândalo” onde fica claro que as consequências serão absorvidas pelos emissários do mal, os quais serão convidados pelas leis naturais a ressarcir para a sociedade todos os entraves ao progresso.

Notamos, portanto que ser otimista, só da “boca pra fora” não adianta, acreditar, ter fé que estamos no caminho certo é uma questão de luta também. Então, podemos dizer assim, sou otimista de que as coisas vão melhorar, mas qual a minha parte nisso? Com certeza temos que nos envolver na história dos acontecimentos, nós é que fazemos acontecer, temos que nos mover, dar passos, subir degraus, enfrentar tempestades, ligar nosso poder de discernir diante de notícias e fofocas degradantes e depois disso tudo, acreditar que podemos vencer, pois afinal muitos que foram chamados de sonhadores estão aí sendo premiados pela história como grandes personalidades da humanidade. Uma frase interessante do escritor Uruguaio Eduardo Galeano pode dar uma visão bem expressiva do que quero dizer, “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.” Sugiro trocar a palavra “utopia” por “otimismo”.