Os antecedentes do estupro
É incrível que numa época de total liberdade sexual, como a que vivemos, ainda existam pessoas que cometem violências sexuais! Há dias li numa revista, o depoimento de uma prostituta, para quem a difícil vida fácil vem piorando, pela retração dos clientes. A retração é não só com medo da Aids, mas também a facilidade que qualquer um tem de ter um caso com alguém.
Ora, quem tem uma relação fixa e estável não vai procurar uma profissional do sexo, com todos os seus riscos. É como diz Arnaldo Jabor: “No Brasil, sempre alguém está comendo alguém...”. Numa outra cidade em que morei, chamei a dona de um bordel, minha cliente na CEF para cobrar reciprocidade de depósitos. Ela disse que seu ramo de negócio já fora bom, mas naquele momento estava prejudicada depois que criaram uma faculdade na cidade, onde os rapazes obtinham facilidades a custo zero. Isso em 1976!
Pois, por incrível que pareça, apesar dessas liberalidades, aumentam os casos de violência sexual. Eu tenho algumas teorias, que podem se transformar em teses e, como tais, polêmicas. Primeiro, em alguns casos, muitos até, as vítimas têm uma certa parcela de culpa. Do jeito que algumas meninas e moças andam por aí, se não estão pedindo, parece que querem afrontar, despertando “instintos selvagens”.
A gente anda pela rua e vê decotes, micro-saias e shortinhos que dão o que pensar. É claro que por trás do estupro há toda uma patologia do agente a considerar. Mas, sabendo que tem feras soltas, a gente não vai no mato. Algumas garotas parece que gostam de viver perigosamente. No fim do ano, a televisão (Jornal Nacional, 18/12/97) mostrou Carla Peres, pelada como veio ao mundo, posando para fotos “artísticas” no Pelourinho, Salvador, de dia claro. Nas janelas de uma obra, os serventes se acotovelavam para ver a deusa loura. Ora, mesmo entre aqueles ali, quem não tem acesso a uma Carla Peres, desestabilizado pela amostra, ataca uma Mariazinha anônima na parada do ônibus. É como mostrar quindins numa vitrine a uma criança com fome. Quando a segurança vacilar, ela quebrará a vidraça para obter o doce que normalmente não tem acesso.
A mídia, permeada de erotismo, como alavancagem para o processo de vendas, exibe mulheres nuas e situações eróticas. Quem tem a cabeça feita, pode balançar, imaginem um coitadinho a perigo. Reforço a teoria: atacar mulheres e crianças é crime e patologia. Mas, convenhamos, não precisam certas moças andar da maneira como andam, nem a mídia exibir o que exibe. A solução pode passar por aí...
(artigo publicado em 13/01/1998 no Diário Popular, Pelotas (RS)