A história das coisas
A trajetória do homem sempre foi de exploração, no entanto, na década de 50 essa prática passou a ser um ideal de vida. No documentário ‘A história das coisas’ vemos que nosso estilo de vida vai muito além de comprar. Para cada marca que carregamos orgulhosamente extraímos recursos naturais, criamos indústrias, distribuímos, consumimos, para depois descartar e produzir lixo em um tempo recorde.
A extração de recursos naturais se dá principalmente em países de 3º mundo, onde as leis são flexíveis e o governo se submete às transnacionais. Esperando desenvolvimento, os representantes do povo abrem suas fronteiras para empresas que gerem emprego e crescimento econômico, mas recebem o pacote completo: exploração do meio, desigualdade social, isenção de impostos... Mas com que ficam os verdadeiros donos de tal riqueza? Ao final da exploração, o que restam são problemas de ordem social e ambiental, que nos afetam de forma profunda. É imprescindível lembrar que essas empresas levam desenvolvimento para onde vão, mas também trazem consigo uma realidade irreversível. Apesar de algumas vantagens, o custo não é nada significativo se comparado a uma boa qualidade de vida.
No ano passado, estavam em alta bolsas grandes e chamativas. Esse ano a ditadura da moda vem gritando que todos tem que usar bolsas pequenas e delicadas. O mais incrível de tudo isso é a capacidade do ser humano de manipular e ser manipulado, da maneira como sempre somos marionetes nas mãos articulosas da publicidade. Um americano, que passa o dia vendo mais de três mil anúncios, acaba realmente crendo que tudo em sua vida está errado. Invertem-se os valores e a vida passa a ser uma corrida pelo pote de ouro, que atualmente se tornou o que temos, comemos ou vestimos. Isso ocorre por o ser humano sempre ter a pretensão de ser o melhor, o superior. Quando nos sentimos inferiorizados nos tornamos perigosos, pois perdemos o nosso controle emocional e o que antes era intolerável passa a ser normal. A felicidade não está mais nas pequenas, porém importantes, coisas da vida.
Hoje, em nossa sociedade, descarta-se tudo que o dinheiro pode comprar em um tempo inexplicável. Assim como precisamos ter um celular para viver, também precisamos trocá-lo todo ano por um modelo mais tecnológico e atraente. Qualquer coisa que nos ascenda ao patamar que nos impuseram. Esse problema vem se agravando à medida que tratamos pessoas da mesma maneira, como objetos. Quando emoções são negociadas, até a ética pode ser remodelada a nosso favor.
No nosso mundo, aquele que inventamos para suprir as necessidades de nossa vida, a reciclagem seria algo muito bonito e comunitário, mas apenas isso não vai mudar o planeta. Ao contrário, tentar mudar o planeta é inútil, seria apenas a ponta do iceberg. Temos que mudar nossa mentalidade de imposições para uma adaptação ao planeta, solucionar o problema pela raiz e não maquiá-lo. Estamos vivendo tempos em que as aparências já não resolverão, afinal nosso sistema linear é de âmbito mundial e não mais uma exclusividade, será necessária uma grande mudança que caberá a nós, o povo começar. Resta saber quando cada um de nós vai assumir seu real papel na sociedade.