Caro Jeverson, agradeço a manifestação sincera que voce faz. Espero contribuir para melhorar sua auto-estima e não para descrédito consigo mesmo. Problema das palavras, das letras. Também não consigo fazer aqui tratados sobre os assuntos nos quais me intrometo, portanto, penso mais sobre o assunto além da crítica que fiz. Se voce estava ontem na reunião do SINTESPO ouviu o que falei sobre o atual governo do Paraná e o que considero desrespeitoso da parte dele conosco. Tenho posição firme sobre o assunto. Voce não entrou numa coisa ruim. Numa sociedade colonial e de extrema desigualdade social, o serviço público honesto, apropriado, necessário, verdadeiro é fundamental. Que seria das crianças do Santa Paula III se tivessem que pagar o Master, Sagrada, Santana para estudar? É valoroso o papel da escola pública e gratuita (que na verdade está saindo muito cara, pelo resultado que está dando). Em julho do ano passado passei por um problema de saúde e tive que procurar um especialista. Se dependesse do sistema público, eu consultaria em janeiro deste ano. Se dependesse do SAS, consultaria dali uns 25 dias e correria o risco de na próxima consulta mudar o médico. Então fui no particular, custando R$ 300,00 a consulta. Se os meus vizinhos de Vila estivessem no meu lugar, estariam fritos. Eles recebem mensalmente, R$ 600,00. Então, o serviço público é necessário, e nós servidores públicos peças chaves nisso. Dispenso-me de falar na importância que temos numa universidade pública como a nossa. Então, voce está num grupo de serviço dos mais honrosos. No entanto, como parte da sociedade humana, temos praticados acertos, conta-se muito a nosso favor, mas também erros em nossa trajetória, em relação ao nosso serviço, seja por nossa vontade individual ou por contingências institucionais de administradores viciados, da degenerência geral e crise de valores que afeta o mundo todo, desvios clamorosos. Eu defendo um servidor que se aperfeiçoa, se dedica, se valoriza, que presta um concurso que não é fácil. Mas enfrento uma supervalorização do serviço público, já na esfera do oportunismo, do empreguismo, da demagogia, da corrupção que distoa do preço pago por toda a sociedade brasileira/paranaense. Acho que temos que falar em nossos direitos, mas alguma hora é preciso avaliar, discorrer sobre o cumprimento de nossas obrigações públicas e de quanto custamos para o povo e como é feito esse cálculo custo-benefício. Daí, eu estou contra algumas mazelas. Tenho prestado atenção nisto ao longo de 15 anos e de vez em quando, em alguma conversa consultiva com a Direção do SINTESPO, eu deixo escapar minha posição em favor da maturidade e da moralidade das instituições públicas. Por exemplo, o funcionalismo público (isso não é sua culpa, nem da Ana Marcondes, nem da Maria Inês Cordeiro, nem da Zoli Oliveira, muitas vezes só se preocupa em receber alguma vantagem (e quem não gosta de vantagens, voce acha que eu não?). Não nos perguntamos de onde, por que, se fazemos juz mesmo, se isso implica em nosso silêncio e subserviência, se isso não justifia que acima de nossas cabeças as vantagens sejam bem maiores, de onde está saindo o pagamento disto e com que custos. Posso estar enganado, mas, minhas leituras indicam que no Brasil (e eu sou marxista) há classes sociais. Se anos passados, falavam em burguesia e operários, hoje, o funcionalismo público, dado o abuso da máquina estatal que se tornou petrificada e poderosa, é uma classe sem sombra de dúvida. E estamos aí, com poder político, aborvendo um capital circulante do país que não fazemos questão de ter idéia. Capital esse que é extraído na marra, com impostos, carga tributária que estrangula empresas, a população, encarece produtos, impede que trabalho e oportunidade de emprego sejam extendidas a maioria dos desfavorecidos, que se vá para a saúde, para a pesquisa honesta, porque para manter toda essa estrutura, o Estado tem que sanguessugar a sociedade brasileira. Digamos, há gente que trabalha. Funcionário público não é vagabundo. Existem vagabundos. Mas há um inchaço de gente desnecessária, excesso de privilégios de classe, que não são nem podem ser extensos a sociedade como um todo. Há contratações absolutamente inúteis, desnecessárias, existem vantagens financeiras criminosas. Exemplifiquemos, quem de nós, tivesse uma loja, uma escola ou empresa, pagaria horas-extras mas deixariamos o servidor que viesse quando quisesse? Se voce tem uma empregada domestia, mensalista, deixaria ela chegar na segunda-feira, toda a segunda-feira, às dez horas e zarpar na sexta-feira e ainda assinar o ponto? Isso é uso honesto do dinheiro público? Quando não, veja o absurdo das contratações nos órgãos de Curitiba e Brasília, onde cabos eleitorais mamam no Estado Brasileiro. É disso que falo, contra isso me insurjo. Creia na estima deste.