A propaganda do passado pode ser aplicada no presente, e vice-e-versa?
A criação de uma peça publicitária envolve pesquisa de contexto, de repertório do público de interesse, costumes e afins. Dessa forma, não faz muito sentido utilizar uma mesma propaganda em épocas muito diferenciadas, já que, com o tempo, a sociedade vai se moldando, adquirindo novos comportamentos, deixando outros; quebrando tabus e, por que não, evoluindo.
Ainda que seja reformulada, a campanha que era veiculada há algumas décadas não vai surtir efeito na contemporaneidade, já que o envoltório histórico e social são outros. Para exemplificar: nas décadas de 80/90, tinha-se a tradição do primeiro sutiã como um acontecimento muito importante, como um marco da passagem de criança para adolescente. Nesse contexto, a Valisére – uma fábrica de roupa íntima - criou um comercial com o slogan “O primeiro Valisére, a gente nunca esquece”, mas se fosse ao ar no século XXI não faria o menor sentido, porque esse conceito de primeiro sutiã já não existe mais. O mesmo aconteceria com o anúncio das pilhas Rayovac em que, quando a máquina fotográfica pára de funcionar e a pessoa vê que as pilhas nela são dessa marca, joga fora o equipamento, pois certamente a pilha ainda estaria em perfeito estado, e troca por outro que, com as mesmas baterias, funcionam bem. O problema desse último seria que hoje em dia quase nada usa pilha; a maioria dos eletrônicos utiliza energia, baterias de litium ou pilhas recarregáveis.
Dessa forma, por mais que algumas propagandas pudessem causar algum impacto por distoar do comum, o feedback não seria tão alto em relação a se fossem utilizadas peças condizentes com o tempo, visto que precisaria de muito mais repertório, umas seriam tão ultrapassadas que não fariam sentido algum e, no caso de colocar as atuais no passado, não seriam entendidas, em sua maioria.