VOCÊ É UM TAMAGOTCHI?

Eu não tenho uma conta nas redes sociais e, simplemente por isso, já me considero um cara esquisito - e excluído - por não falar esta linguagem e considerar esta existência virtual das pessoas uma coisa supérflua e totalmente sem cabimento. A interação que o meio virtual proporciona é falsa e não contribui muito para aproximar as pessoas.

É oportuna a seguinte metáfora: repare quando duas pessoas brigam, geralmente isso é feito aos gritos, pois os seus corações estão muito distantes e para serem ouvidos precisam, então, gritar. Pois bem, é como se fosse um grito cada nova mensagem que você recebe nas redes sociais, porque estamos nos tornado pessoas frias e individualistas, petrificados no cimento da rotina e coisificados nas relações interpessoais egoísticas que distanciam as pessoas.

E é tudo na velocidade de um click. Geralmente, é uma mensagem com poucas palavras, já que todos os internautas se habituaram em fazer muitas coisas ao mesmo tempo e acabam não se aprofundando em nada, pois a atenção deles está sempre dispersa entre e-mails, vídeos, downloads e conversações rápidas.

As perguntas e as resposta são realizadas quase que simultaneamente, num bate papo entre duas ou mais pessoas, desta forma, não sobra tempo para mensagens sinceras e com algum tipo de conteúdo ou emoção. É Algo muito semelhante aquela sensação de receber a breve visita de uma pessoa que durante o ano inteiro esteve afastada e no natal se apresenta como se fosse um dos seus melhores amigos, sumindo depois disto por mais um ano ou dois.

Parece utópico, mas aposto o meu computador que num futuro próximo os gurus dos livros de auto-ajuda ensinarão, com a hipocrisia e o falso moralismo de sempre, que seremos mais felizes no dia em que precisarmos menos das máquinas e mais de nós mesmos! Contudo, já não é um absurdo dizer que algumas pessoas já confundem a sua existência virtual com a vida real!

É o caso, por exemplo, daquele convidado que passa a festa inteirinha tirando fotos dos outros, enquanto a maioria apenas se diverte e confraterniza. Mas, o fato é que o alienado da máquina fotográfica vai postar todas as fotos na internet, talvez num blog ou página pessoal e, neste caso, ele está priorizando a sua existência virtual, na certeza que outras pessoas virtuais estão ansiosas pelas novidades.

Dá até pra se fazer piadas com as grandes questões que sempre desafiaram a humanidade, pois elas parecem adquirir novos significados, nesta era da informática. Neste contexto, você liga o seu computador e logo pensa: “Eu teclo, logo existo.” A primeira coisa que fazemos quando nos registramos nas redes sociais é responder as seguintes perguntas: “Quem somos, de onde viemos e para onde vamos?” E, finalmente, você faz a assinatura de um provedor de internet e resolve um dos maiores desafios da alma humana: “homem, conecte-te a ti mesmo.”

Um psicanalista, talvez dissesse que a procrastinação constante é uma conseqüência do condicionamento ao baixo nível de concentração que a juventude desenvolve ao se tornar um bando de internautas compulsivos, haja vista fazer muitas coisas ao mesmo tempo, acostumando o próprio cérebro à um baixo nível de imersão em cada uma delas, o que acaba trazendo transtornos como ansiedade, impulsividade, stress, perda de produtividade, entre outros, caso os hábitos de adiar algumas atividades e não concluir tantas outras atrapalhem os compromissos da vida cotidiana.

Noves fora com as digressões, pois não há como se constatar a veracidade de tudo o que os estudiosos prevêem para o futuro da mente humana, progressimante saturada pela existência virtual. O que é possível se imaginar, porém, é a possibilidade daqueles que tanto dependem dos computadores se tornarem alienados, e personificarem a si mesmos, agindo e pensando automática e previsivelmente como máquinas.

É curioso o fato das pessoas já necessitarem de carinho virtual, de amizades virtuais, de amores virtuais e de cuidados virtuais, exatamente como o jogo tamagotchi. Lembra-se dele? O Tamagotchi é um brinquedo eletrônico em que se cria um animal de estimação virtual, e você deve cuidar dele como se real fosse. Portanto, cuidado! Se você presa tanto pela sua vida virtual, a tal ponto de já necessitar de carinho virtual, de amizades virtuais, de amores virtuais e de cuidados virtuais, você pode estar virando um tamagotchi.

G Matos
Enviado por G Matos em 30/08/2011
Reeditado em 30/08/2012
Código do texto: T3190695
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