Aprender para suprir
Nestas últimas semanas aconteceram coisas muito interessantes comigo. Em cada uma delas o Senhor proporcionou um ensinamento. Acredito que Ele fala conosco em todos os momentos, mas, infelizmente, nem sempre estamos com os ouvidos atentos ao que Ele diz.
Quero compartilhar um acontecimento que foi uma experiência maravilhosa. Um deficiente auditivo estava me contando o quanto estava sofrendo, pois sua namorada estivera grávida e tinha perdido o bebê. Ele desabafou sua dor e eu somente pude dizer: “É muito difícil, mas Deus sabe todas as coisas, Ele trará paz ao seu coração”. Ele continuou dizendo que não estava mais frequentando a igreja, mas que precisa voltar e começou então a me contar algumas histórias bíblicas que tinha aprendido em uma das igrejas que frequentara. Alguém se dispusera a aprender LIBRAS e ensinar aos surdos sobre a Bíblia.
Um ensinamento:
Até que ponto somos capazes de nos dispor para suprir a necessidade de outros que precisam aprender sobre Jesus?
Aquele deficiente me contou sobre a vida de Paulo, seu encontro com Jesus, como foi transformado. Fiquei maravilhada, pois estava exatamente de acordo com a Palavra. Ele contou com seu coração e isso mostrou o quanto aquele ensinamento penetrou na vida dele. Como foi importante para ele alguém se empenhar em ensiná-lo de maneira que ele entendesse, a ponto de recontar o ensinamento. Nós, muitas vezes, ouvimos, ouvimos e ouvimos as pregações no domingo, temos uma mega facilidade para ler a Bíblia, estudá-la e, mesmo assim, não ‘sabemos’ contar a alguém o que Jesus fez, faz e fará por nós!
Como se não bastasse, ele ainda me disse: “Eu gosto muito quando alguém me ensina sobre a Bíblia, pois ler é muito difícil para mim”. Sabemos que um deficiente auditivo não conhece todas as palavras da língua portuguesa e por isso a leitura se torna complexa demais para ele. Mas em LIBRAS eles entendem, são totalmente ensináveis. Não pretendo desafiar você a aprender LIBRAS para ensinar aos surdos; o desafio é: você está disposto a aprender a usar a ferramenta que Deus colocou em suas mãos para pregar o evangelho de Jesus Cristo? Ou melhor, você está disposto a conhecer novas ferramentas tão somente para alcançar vidas? Existem inúmeras ferramentas. Muitas vezes precisamos aprender uma língua nova, estudar uma cultura ou o qualquer outra coisa que nos seja proposta para ir ao campo missionário e alcançar vidas. Mas, e quanto aos deficientes auditivos, visuais, alguém carente de amor, atenção, alguém que precisa aprender a ler, usar um computador? Será que somos capazes de olhar a necessidade mais básica das pessoas que nos cercam tão somente para revelar o amor de Deus?
Na sala de aula, o aluno pode exalar o perfume de Cristo através da sua dedicação, da sua amizade e honestidade. Se você se julga incapaz, vazio de talentos ou qualquer outra habilidade manual ou intelectual, você pode abraçar, sorrir, ouvir. Esforce-se para compreender do que o outro necessita para conhecer o amor de Deus. Não tem como estarmos cheios do amor do Pai e não desejarmos que todos sintam o mesmo. Isso é incompreensível para mim. É interessante pensar que quando ouvimos uma piada muito engraçada não vemos a hora de contar para outras pessoas para que elas riam também. Nós temos algo infinitamente melhor que uma piada muito engraçada.
Jesus disse: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15:13). Dar a vida pode significar empenhar um pouquinho do nosso tempo para ouvir alguém ou algumas horas de nossa semana sendo dedicadas para aprender pintura, dança, tecnologia, braile, LIBRAS, (e muito mais, seja criativo) para alcançar alguém que ainda não conhece a Jesus. Ou simplesmente dedicar alguns minutos para ensinar sobre a Palavra de Deus. Coisas simples, mas que demonstram a grandeza de um amor que dá a vida pelo outro. Quando passamos a ter nosso foco concentrado totalmente no Reino de Deus, as coisas terrenas perdem valor e nossa satisfação é ver mais e mais pessoas envolvidas com este Reino.
Vamos refletir sobre a passagem de Isaías: “Parem de confiar no homem, cuja vida não passa de um sopro em suas narinas. Que valor ele tem?” (2:22). Muitas vezes, quando ouvimos ou lemos “parem de confiar no homem”, pensamos que se refere a confiarmos em outra pessoa, mas aqui há um ensinamento muito interessante. Acredito que nos é ensinado a não confiarmos em nossa natureza humana, pois ela é um sopro, passa velozmente, acabada depressa. Não podemos confiar na força do nosso braço, nos nossos planos, naquilo que nossos olhos conseguem ver, no que nossos ouvidos ouvem, nos nossos sentimentos. NÃO PODEMOS CONFIAR EM NÓS! Há um outro versículo que diz: “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa” (Jeremias 17:9ª). O pior não é sermos enganados por outra pessoa, e sim por nós mesmos. Mas há esperança!!! O Senhor nos conhece muito mais do que imaginamos. “Eu Sou o Senhor que sonda o coração e examina a mente, para recompensar a cada um de acordo com a sua conduta, de acordo com as suas obras”. Glória a Deus! Ele nos conhece.
Finalmente, que possamos ter um coração totalmente dependente do Senhor e viver para mostrar ao mundo o amor de um Deus que Se fez homem e morreu em nosso lugar. Que tenhamos o desejo de conhecer as necessidades do outro para suprir a carência do amor de Jesus Cristo. Pois “A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados.” (Rm 8:19).
Não há tempo a perder. Você tem consciência de que o mundo aguarda com ansiedade a sua manifestação? Somos filhos de Deus, mas as pessoas podem não perceber! Se você precisa dizer que é cristão, algo está errado. Sua vida, sua fala, seu andar precisam revelar a semelhança com Cristo! “Logo depois, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente, és também um deles, porque o teu modo de falar o denuncia.” ( Mt 26:73).