Uma Breve Síntese Empírica de Duas Realidades Divergentes
Separados por dezoito mil quilômetros, um estudante japonês e outro brasileiro do ensino secundário, de classe média, vivem aparentemente suas vidas normais e felizes junto de seus pais. Criados sem nenhum trauma psicológico ou físico durante a infância.
Após concluido o ensino médio, visando conseguir uma vaga em uma boa universidade, para poder assim, orgulhar a si mesmo e aos seus pais, os dois estudam meses afinco para poder realizar este sonho tão cobiçado. Passado um mês, após verificarem que seus nomes não constavam entre os aprovados no vestibular, um deles aparentemente abatido , pensando em argumentos consigo mesmo, como uma forma de consolo, volta para casa e se tranca no quarto. Após o dia seguinte ele se recobra, e logo está conversando e jogando futebol com os amigos. O outro garoto, depois de verificar que não fora admitido na instituição, volta para seu apartamento, se tranca no quarto, e deixando um breve bilhete de despedida, sem titubear, comete suicídio se jogando do décimo andar de seu prédio. Mas o porquê de uma atitude tão radical deste último, que não proporcionará resultado algum? A resposta para a questão, pode ser encontrada na história do povo de cada país referente a eles.
O Japão apesar de possuir um território tão diminuto, ele consegue, com seus 120 milhões de habitantes, viverem em harmonia, com índices altíssimos de desenvolvimento humano, e no topo das economias mundiais. Podemos observar que a sua história foi muito conturbada, principalmente por guerras internas, e disputas pelo poder, devido a este fato que surgiu durante o período Heian (794 – 1185 dc.), os “samurais”, aonde foi efetivado como uma casta durante o xogunato dos Tokugawa (1603 – 1868 dc.), e extinta durante a restauração do governo Meiji (1868). Guerreiros destemidos, que não tinham medo de morrer em combate, os samurais adotavam o código de honra chamado “bushi”, aonde se constitui a filosofia que seria adotado pelo povo japonês até os dias de hoje. Uma delas diz que é preferível morrer do que viver sem honra, no entanto, podemos notar que esta foi a explicação para as vias de fato, o porque do estudante japonês ter cometido suicídio. A vergonha de não ter sido aprovado no vestibular, fez com que ele se posicionasse como um fracassado perante a sociedade, aonde a sua credibilidade seria posta em dúvida, manchando a honra da família. Procurando uma saída mais honrosa, ele prefere seifar a sua própria vida, do que ser postulado como derrotado.
A vergonha possui uma força muito maior e mais ampla na sociedade japonesa do que na brasileira, aonde esta última, colonizada por portugueses de origem européia, se verifica somente o sentimento de culpa criado pelo cristianismo, aonde o indivíduo procurando se redimir de seus atos negativos consegue a absolvição divina através da fé, portanto após a sua morte, assim conseguir adentrar no reino dos céus.
Outra diferença evidente entre as duas sociedades em questão seria na aparência. No Brasil, as pessoas costumam se apresentar perante os outros de uma tal forma, que se pareça possuidora de um poder maior em relação aos demais, ostentanto bens que para ela, significa mostrar que possui mais recursos que comumente se pressupõe um maior domínio perante o coletivo, resgatando ao que se parece, intintos primitivos de nossos antigos ancestrais primatas, aonde o detentor de maior poder, teria maior chance de sobrevivência dentro do grupo.
Fora os bens que a pessoa procura utilizar como artifício representativo, a aparência fisica costuma ser também um meio de demonstrar plena vigor de sua saúde, e também tentar disfarçar a sua verdadeira realidade. Podemos destacar principalmente os dentes, como a “janela” de revelação de suas verdadeiras pretenções na sociedade. A idéia mais difundida no mundo ocidental, é quando o indivíduo que não cuida devidamente de seus dentes deixando-os estragar, ficando evidente em sua aparência a marca de seu desinteresse por coisas que seriam para os “normais”, algo primário dentro da responsabilidade individual. Assim, dificilmente o detentor de dentes mal cuidados, irá conseguir convencer alguém que possui responsabilidade o suficiente para trabalhar e conseguir o seu lugar ao sol. Fica divagando no ar a indagação, “Se ele não tem responsabilidade para cuidar dos próprios dentes, muito menos terá, para com o trabalho”.
Focando a mesma idéia na sociedade japonesa, podemos observar que para eles, oque realmente importa no indivíduo não estaria envolvido nos dentes, e muito menos na aparência, mas em suas verdadeiras virtudes como pessoa, capaz de se superar através de sua força de vontade e atitude, valorando os seus esforços. Portanto, é comum encontrar pessoas em cargos de grande responsabilidade, detentoras de grande poder e bens materiais, com os dentes muito mal cuidados.
Podemos concluir então, que as idéias e doutrinas difundidas em uma sociedade, são aceitas passivelmente, estejam moralmente e eticamente certo ou errado, quando elas possuem bases históricas modificadas através dos anos, variando de uma sociedade para outra, cada uma com suas peculiariedades e preconceitos.