A PÍLULA DO DIA SEGUINTE
Por mais que a família e a escola, como um todo, fale aos jovens que a vida não consiste somente numa continua satisfação ilimitada de desejos; e por mais que se procure orientá-los; e por mais que se lhes assegure o acesso aos métodos anticoncepcionais; e por mais que se fale claramente que a vida não é só sexo; acontece que muitas moças, na realidade, se descuidam e engravidam, não sendo raros os casos de meninas grávidas aos onze ou doze anos de idade.
Mas, qual a razão se hoje o nível de informações é bem mais abrangente? Ao que se sabe, vários fatores podem ocorrer, como bem aponta o Dr. Dráuzio Varella ao dizer que as desculpas são muitas: acharam desnecessária a prevenção porque consideravam remota a possibilidade de manter relações sexuais, haja vista que não tinham namorado fazia muito tempo, ou porque as relações eram tão esporádicas que não justificavam o uso contínuo das pílulas anticoncepcionais, ou, ainda, porque o rapaz tinha o hábito de usar preservativos. E, de repente as coisas escapam de seu controle e elas se dão conta de que o programa do dia anterior coincidiu exatamente com o período fértil, surgindo uma gestação indesejada (in www.drauziovarella.com.br).
Sobre o tema, colhi informações numa entrevista do Dr.José Mendes Aldrighi, professor de Ginecologia do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo que dá a seguinte orientação: a pílula do dia seguinte é aquela usada para afastar o risco da gestação indesejada, seja no caso de estupro, ruptura de preservativo ou coito num momento próximo da ovulação.
Há um tempo atrás, a única solução era o aborto. Agora, ocorrendo algumas das situações de risco, a mulher deve, antes de 72 horas, tomar a pílula, cuja eficácia é quase de 100%, uma vez que cria condições para apressar a menstruação e, com isso, impede que a gravidez se instale, esclarece o Dr.José Mendes Aldrighi.
O uso da pílula do dia seguinte sujeitava-se à exigência de prescrição médica, o que agora não é mais necessário. Leio, no site extra.globo.com, em notícias do dia 18/04/13, que o Ministério da Saúde resolveu facilitar o acesso à pílula sem necessidade de consulta médica prévia, podendo a mulher obter o medicamento sem receita médica. No livreto ora distribuído, o Governo reforça que os comprimidos podem ser entregues até mesmo por enfermeiros sem exigência de receita médica, conforme informações colhidas no site www.anjosnoticias.com.br.
O procedimento de fornecimento da pílula, nesse particular, melhorou bastante, posto que no método anterior de exigência de uma consulta com ginecologista no SUS chegava, em alguns casos, a demorar até dois meses, o que ia muito além do período de eficácia da pílula.
O tema é polêmico. Para alguns, ela é abortiva. Para outros, no entanto, não o é, gerando opiniões divergentes.
Mais do que uma questão filosófica ou religiosa, tenho para mim que cabe a cada um decidir a seu respeito, sendo certo que diante de uma gravidez indesejável ou inadequada, ela é – sem dúvida – uma opção. Boa ou má, não caberia a mim dizer .
O que se sabe, segundo os especialistas, é que ela não protege contra doenças sexualmente transmissíveis, como por exemplo, a AIDS, que continua aí sendo uma grande ameaça e perigo. Sendo assim, o seu uso deve ser apenas nos casos de uma necessidade emergencial, restrito aos casos que a bula prevê, e, não, a cada relação desprotegida, o que é desaconselhável e faz mal.
Onde alguns veem liberação geral ou incentivo ao seu uso, eu só vejo facilidade no seu acesso, o que deve ser feito com responsabilidade e bom senso, aplicando aqui a máxima do Apóstolo Paulo que nos diz :” Tudo posso, mas nem tudo me convém”.
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eldes@terra.com.br