Há um tempo pra tudo
Apesar da enorme gama de conhecimentos acumulados no decorrer das décadas, marcadas por atividades intensas e dos mais variados matizes, os que já passaram dos sessenta não são nenhum super-homem só por conta disso.
Como qualquer ser humano, têm limitações. E é importante, por isso, ter essa consciência, pois dessa percepção dependem as nossas boas condições físicas e de saúde e a felicidade daqueles que nos rodeiam e querem bem.
Cabelos embranquecidos, passos encurtados, forças que escasseiam, isso tudo pode dificultar a realização de tarefas rotineiras, como cuidar de instalações domésticas, mas não retira o orgulho de trazer no peito um coração realizador, de quem venceu os desafios da vida.
Todavia, se outros são os tempos, amoldemo-nos a eles. Não é sinal de fraqueza reconhecer esta nova realidade, este novo jeito de encarar as coisas. Afinal, experiência há de sobra para encontrar uma solução criativa para cada momento.
Não há razão para subir escadas para arrumar o telhado, a calha. É trabalho para alguém mais jovem. Se já provamos do que somos capazes, não precisamos fazê-lo novamente, não é? Ademais, como disse o Eclesiastes, há um tempo pra tudo.
É preciso cuidado ao galgar os andares superiores, transitar por calçadas que apresentem desníveis, ao tomar banho. Um piso escorregadio pode propiciar quedas. Os ossos já não são os mesmos e demoram a se consolidar. Serviços hidráulicos, elétricos, são coisas para os profissionais da área.
O que vale na vida não são os momentos felizes, a paz interior, a tranqüilidade? Por isso, a grande sacada é curtir a vida com ocupações simples, mas que agradam, ao lado das pessoas que nos são caras. E essas tarefas prazerosas são muitas, estão à nossa volta: basta procurá-las.
Na cidade de Caraguatatuba, em 2010, o seu José, mais de sessenta anos –e teimoso–, achou de arrumar a calha. A escada escorregou ou se quebrou. Na queda, ele bateu a cabeça e o serviço de emergência foi acionado pelo 193. Em minutos os bombeiros Reis, Dimaro e Fagundes vieram em socorro. Seu José ficou mais de trinta dias em coma na UTI da Santa Casa e agora se recupera em casa, ao lado da família, arrasada.
Uma triste experiência, que não vale a pena ser repetida em lugar algum.
Pensemos nisto...