Falando sem saber
É possível que alguém fale sem saber o que está falando? Ou falar aquilo que não sabe como se escreve? Vejamos!
Eu tive a oportunidade de conviver com uma das minhas netas enquanto ela estava na idade de bebê e até quase o início da puberdade. Assim, observei várias coisas no comportamento dela, que me trouxeram algum subsídio na compreensão de como se desenvolve a fala e o raciocínio de uma criança.
Como eu observei, a criança aprende o significado das coisas mesmo antes de saber dizer a palavra que a define. Assim, antes de ela saber pronunciar distintamente a palavra designativa de uma coisa, ela já aprende a relacioná-la.
E, embora ela não diga a palavra água, ela já pode saber que aquilo é água. E já começa a balbuciar algo que se aproxima ao vocábulo água. Pode ser “áua, aga”, enfim.
Certa vez, quando ela ainda não falava distintamente, ao fazer algo para interagir com ela, ao final, ela disse “num fô gal”. Eu levei um certo tempo para entender o que ela queria dizer. Era “não foi legal, ou “não gostei”. Então ela já conseguia formular uma sentença de modo lógico, mesmo antes de saber expressá-la. Isso é fantástico.
Do mesmo modo, ela ainda não sabia como manifestar o seu pensamento através dos sinais gráficos da escrita.
Da mesma maneira como a minha neta não sabia manifestar pela fala o que já estava compreensível na sua mente, acontece com muitos que se tem como religiosos cristãos. Podem saber uma coisa, mas não sabem como expressá-la, ou entende, mas não sabem externá-la. Vejo que essa era a razão porque Jesus falava por parábolas também. Porque as figuras universais usadas por Ele tornava compreensível o que Ele queria dizer, mesmo que o ouvinte fosse criança em matéria de coisas espirituais.
Assim, Ele usou nas suas parábolas figuras, como sementes, rede de pesca, fermento, pérola; fez comparação com ovelhas, bodes, aves dos céus, serpente, etc.
Entretanto, assim como a minha neta teve uma criação ao lado de pessoas bem formadas, digo, junto de adultos que bem se expressam, como a sua genitora, do mesmo modo uma criança pode conviver na sua formação com pessoas com pouco estudo ou de rudimentar instrução, resultando em dificuldade de compreensão e expressão do pensamento.
Isso é similar ao que convive no meio religioso com pessoas que não sabem com perfeito entendimento o que está nas Sagradas Escrituras. Elas não desenvolvem o seu psiquismo religioso espiritual, porque os “seus mestres” são “indoutos”.
Paulo disse que aquele que está sendo alimentado com leite é criança. O leite são coisas básicas, alimento de criança. E disse que o adulto come comida sólida. E isso fazendo referência à Palavra de Deus ou a sua Lei.
Mas ai daqueles que ainda forem criança quando for lançado a foice sobre a Terra. É o que falou Jesus no caminho para o calvário, “ai das que amamentarem naqueles dias”.
Portanto, é preciso fazer aula de reforço rapidamente, se é que a interpretação de textos e a compreensão e manifestação do pensamento espiritual está deficitário.
Belém-Pa, 17/08/2024
Oli Prestes
Missionário