Eva e Madona, a revelação de Deus

Madona choca tantas mulheres e poucas se perguntam por quê. As hipócritas são ainda piores, pois acrescentam tudo o que em si mesmas carregam, preconceitos machistas de todos os tipos. Mães que procriam e reproduzem o que elas mesmas renegam.

 

Madona é Eva tão bem descrita no Livro Sagrado. A narrativa bíblica é fantástica ao revelar a mulher que cada uma de sua descendência deveria ser. Foi Eva quem desejou, e pecou. Que pecado é esse? Ah! Rompeu a ordem de Deus. Que Deus é esse que te impõe uma ordem de nada desejar, de comer aquela maça?

 

Eva pecou por ser o que é, desejo. Assim como os homens também são, desejo. Mas homens impõem um interdito: mulher não pode desejar, senão peca. E assim a mulher ficou pela metade: apenas pode ser objeto do desejo. Jamais ser sujeito do desejo.

 

Que tempos os de hoje que reforçam cada dia mais fortemente a lei do macho que garante apenas para si o poder do desejo. Sim, poder. O desejo é poder, mas o machismo hipócrita e mais pecador sonega e castra a essência contida na costela que lhe foi tirada por Deus para a criação de sua companheira, Eva, Madona.

 

A verdade não pode ser carregada pela costela, criatura divina. Logo lhe será imposto o interdito como pecado. Você, mulher! Você, Eva! Você, Madona! Não pode comer a maça, não pode desejar. Do contrário, será expulsa do Éden.

 

Que paraíso lhe é garantido pela narrativa bíblica? Ser virgem! Perder-se como desejo. Perder-se como mulher.

Meu Deus! Insuportável é fazer uma psicanálise do pecado. Insuportável a revelação do que se é, desejo. Insuportável às mulheres submetidas ao machismo patriarcal de somente ser objeto do desejo.

 

Então, a minha prece.

 

Meu Deus! Como é maravilhosa sua criação! Como é maravilhoso ser homem de desejo! Como é maravilhoso conviver com mulher do desejo! Como é maravilhoso ser Adão e estar ao lado de Eva! Como é maravilhoso o jardim do Eden com o desejo a vista, tocável, desfrutável! Bendito pecado! Malditas tantas hipocrisias criadas pelo domínio machista.

Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 12/05/2024
Reeditado em 13/05/2024
Código do texto: T8061906
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