16) EPOCA DE PERSEGUIÇÕES - INICIO DE MINISTERIO

16) PALAVRAS DE VIDA (Nova fase, Irvine C.A. - U.S.A.)

Pastor Serafim Isidoro.

ÉPOCA DE PERSEGUIÇÕES - INICIO DE MINISTÉRIO

O sargento José Dias do Nascimento, de saudosa memoria, foi heroi da revolução do Estado em mil novecentos e trinta e cinco, agora comandante do destacamento policial em Carmo da Mata, cidade de seis mil habitantes, no oeste do Estado Minas Gerais. Foi ele o instrumento usado por Deus para defender-nos frente a perseguição de intolerancia religiosa que sofriamos.

Nos idos de mil novecentos e cinquenta e sete fomos levados pelo Missionario Bernhard Johson Jr. para aquela cidade a fim de pregarmos o Evangelho e dar assistencia religiosa aos seis membros que ali residiam.

Concomitantemente chegava a cidade o padre recem ordenado, a quem denominaremos J. L. No ardor do zelo pela sua paroquia, logo desenvolveu uma sistematica perseguição a qualquer outra religião que não fosse a sua. Arregimentou um grupo de setenta homens `Congregados Marianos` para apoia-lo no seu intento.

Do meu lado, eu pregava em um pequeno salão que alugaramos de Da. Eudoxia, uma senhora que será motivo de posterior artigo. Do altofalante da Igreja matriz o reverendo padre verberava: `Tomem cuidado com uns panfletos distribuidos por um certo Serafim - e será o fim mesmo`.

Ao passarmos em certas ruas, fechavam as janelas em sinal de repudio a nossa pessoa. Recebi a visita do Delegado de Policia, Sr. Chiquito, que me perguntou a razão de não ter feito culto ao ar livre na praça principal, como era nosso costume. `Não sei - respondi - tive um forte sentimento interior de fazermos o culto na esquina do quarteirão proximo à nossa casa. Quando regressamos encontramos o berço de minha primeira filha Bethel cheio de pedras, o que entendi ser um aviso, uma intimidação daqueles que não nos toleravam.`

O delegado então me disse que havia setenta homens comandados pelo vigario, que nos esperavam no centro da cidade para nos atacar expulsando-nos. Pediu que tivessemos prudencia, não mais realizando cultos publicos pois o destacamento policial era de numero reduzido e não nos poderia dar segurança.

Foi aí que o sargento José Dias tomou decisão a nosso favor, indo a casa paroquial para conversar - advertir - o padre J.L. Recebido, foi convidado a entrar, o que recusou e sem rodeios disse: `Vestido com essa saia, não sei se o Sr. é homem. De qualquer maneira, vim lhe avizar que pare com essa absurda perseguição contra as demais religiões, pois minha mulher e meus três filhos pertencem a Assembleia de Deus. Tenho aqui minha garrucha de dois canos e arrebento a sua cara acionando os dois gatilhos. E se isto não bastar, tenho aqui na polaine um punhal para sangra-lo se o Sr. continuar com esse intento.

Tremulo o padre J. L. assegurou ao sargento que obedeceria as suas ordens , não mais atacando ou procurando impedir os protestantes.

Devido a dificuldades financeiras fiz um curso por correspondencia e me tornei o unico relojoeiro da cidade. Tal fato me abriu as portas para relacionamento com o povo. Meus clientes, após conhecer-me, diziam: `Parece um homem bom; não é o que o padre diz.` Aos poucos a relojoaria foi se tornando um local da pregação do Evangelho. Não mais fomos atacados ou perseguidos.

. . .

O tempo passou e alguns anos mais tarde, residIndo na cidade Varginha, M.G. encontrei o padre J. L. que agora trajava calça e roupas comuns. Perguntei-lhe como estava, ao que me respondeu:`Serafim, quero agradecer-te por ter comparecido por ocasião do meu casamento civil com uma moça da cidade Divinopolis. Você foi uma das poucas pessoas que foram ao cartorio. Mas o casamento não deu certo e ela me abandonou. Tive que me mudar de Carmo da Mata, pois o povo passou a me desprezar. Estou indo para São Paulo, a ver se consigo continuar minha vida`.

Nesta altura, Serafim já tinha três filhas e havia recebido por profecia, a promessa de Deus: `Sobre o pouco foste fiél, sobre o muito te colocarei. Falarás a multidões`...

Só Jesus.

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