APOCALIPSE 3 “AS CARTAS AS SETE IGREJAS”

As cartas as sete igrejas (Ap 2-3), são a parte mais conhecida de Apocalipse e infelizmente, em muitas igrejas é a única coisa que já estudaram. Recentemente um irmão pastor me disse que estavam estudando o livro de Apocalipse na sua igreja, que era apenas um resumo das sete cartas. Isso não é estudar o livro todo. Apocalipse começa mesmo no capítulo 4. O livro tem 22 capítulos, mas o que muitos já ouviram dizer foi até o cap. 3. 19 capítulos são praticamente desconhecidos da igreja. E mais, a parte principal está intocada para muita gente.

A ESTRUTURA DAS CARTAS

É muito interessante que as cartas tem um esboço básico muito parecido. Essa série de repetições querem nos dizer algo. Quando o Espírito Santo repete um ensino é porque devemos prestar atenção nele. Essas cartas fazem parte da introdução de Apocalipse, ou do assunto principal, que está além do cap. 3, a partir do 4. Devemos ter em mente que essas são cartas circulares de que deveriam serem lidas nas igrejas da época que foram escritas. As igrejas de Apocalipse eram centros naturais de disseminação de informação para as demais igrejas da província, portanto, os problemas naquelas igrejas eram também representativos do restante das comunidades cristãs. Cada carta termina com: “ouça o que o Espírito diz às igrejas”, assim, todas as igrejas da Ásia Menor deveriam dar ouvidos às promessas e advertências feitas a cada congregação e aplicá-las a si mesmas. Esta é a opção mais provável e guiará toda a discussão adiante.

Há uma teoria, ligada ao dispensacionalismo clássico, de que essas cartas não são tanto cartas para igrejas individuais, quanto um plano histórico profetizando os sete períodos por vir da era da igreja. Portanto, Efeso representa a igreja primitiva; Esmirna, o período da perseguição na era patrística; Pérgamo aponta para o tempo de Constantino; Tiatira, para a era medieval; Sardes indica a época da Reforma; Filadélfia, para os séculos 18 e 19 (missões estrangeiras); e Laodiceia para a era moderna (tempo de crescimento da apostasia antes do retorno de Cristo).

Porém, as condições morais são tão variadas que simplesmente não podem descrever a igreja dos dias de João; a atmosfera profética ultrapassa o primeiro século; as três últimas igrejas se estendem por todo o curso da história até a parúsia (segunda vinda de Cristo); a correspondência entre os períodos da história da igreja e as sete cartas não pode ser acidental. Entretanto, as descrições das sete igrejas não se encaixam apenas em épocas da igreja. É evidente, com base no texto, que as características dessas cartas pretendiam ser atribuídas a todas as igrejas da Ásia Menor e, de fato, a todos os períodos da história da igreja. Muitos têm observado que Sardes, por exemplo, poderia corresponder, virtualmente, a qualquer período da história da igreja. Assim, até mesmo estudiosos dispensacionalistas, optam pela visão de que as cartas foram endereçadas a situações históricas na Ásia Menor, não a períodos da história da igreja.

Todavia, isso destaca um objetivo importante das cartas: tratar de problemas práticos que são encontrados em todas as igrejas (cada carta termina com “ouça o que o Espírito diz às igrejas”). O que devemos fazer com essas sete cartas é perguntar: “Em que medida tal situação reflete a condição de nossa própria igreja? Como nós podemos maximizar os pontos fortes e minimizar os pontos fracos encontrados nessas igrejas?”.

Esboço das cartas

I. Introdução

A. Destinatários (“ao anjo da igreja[...] escreve”)

B. Fórmula do mensageiro profético e descrição de Cristo (“assim

diz aquele que...”) Observe que ao iniciar cada carta, é repetida a revelação de Cristo entronizado do cap. 1.

II. Corpo da carta, consistindo em uma análise dos pontos fortes e

dos pontos fracos da igreja, cada um com uma fórmula introdutória

A. Pontos fortes e pontos fracos

1. Pontos fortes (“Conheço tuas obras...”)

2. Pontos fracos (“Tenho contra ti, porém...”)

B. Solução (ordens para “se arrepender” etc.)

III. Conclusão

A. Chamado para ouvir (“Quem tem ouvidos, ouça o que o

Espírito diz às igrejas”)

B. Desafio para vencer (“ao vencedor”), com promessas

escatológicas dirigidas aos que vencerem

As cartas foram pensadas para serem lidas, ouvidas e memorizadas pelos primeiros cristãos. As repetições são propositais.

O equilíbrio é evidente, com introdução e conclusão contendo duas partes cada uma e o corpo da carta apresentando três divisões (sob duas categorias principais). Ademais, a ordem da conclusão varia, com as últimas quatro cartas invertendo a seqüência do chamado para ouvir e do desafio para vencer. Muitos estudiosos têm notado que há, realmente, sete partes na forma das cartas, mas várias delas não possuem todos os sete elementos. As cartas às igrejas de Esmirna e de Filadélfia não contêm nenhum ponto fraco, e a carta a Laodiceia não menciona nenhum ponto forte (é interessante que os pontos fracos dessa igreja são introduzidos por “Conheço tuas obras”, para produzir um impacto retórico maior).

As mensagens fincam o livro de Apocalipse firmemente em nosso mundo. É uma palavra de esperança dirigida a pessoas que precisam de esperança, pessoas que às vezes vacilam. As mensagens, assim como boa parte do Novo Testamento, nos encorajam. Jamais houve uma comunidade cristã perfeita. Cristãos têm sido fiéis e heróis, como também frágeis e vacilantes. Não basta acharmos conforto na palavra dada à igreja de Filadélfia; devemos também ouvir atentamente a palavra anunciada a Laodiceia.

Éfeso

Seu nome significa desejável, sua localização era um ponto importante tanto militar como comercial.

Éfeso era a maior cidade da costa oeste da Ásia Menor. Como um centro de comércio marítimo e rodoviário da região, Éfeso era uma próspera comunidade urbana. No final do século I d.C. era a quarta maior cidade do Império Romano. Os romanos fizeram de Éfeso o centro administrativo da província da Ásia. O governador e outros oficiais de Roma entravam na província através do porto e conduziam muitos dos seus negócios na cidade. Renomados santuários religiosos, como o espaçoso teatro, e elegantes prédios públicos deram a Éfeso um lugar integral na vida cultural de toda região. Na metade do século I d.C., Paulo trabalhou em Éfeso por diversos anos.

Esmirna

Esmirna era a principal cidade que disputava com Éfeso e Pérgamo a fama de ser chamada de maior cidade da Ásia. Ruas e edifícios se estendiam através do litoral que circundava as montanhas. Fontes emanavam com águas do aqueduto da cidade. Um teatro ficava numa das áreas mais altas da cidade e de lá se contemplava a parte mais baixa da cidade. Esmirna reivindica o título de berço do poeta Homero e construiu um relicário em sua honra. Uma biblioteca, ginásios, termas e um estádio contribuíam para a vida cultural de Esmirna. A cidade atraiu oradores, como Apolônio de Tiana no primeiro século, e outros renomados, no segundo século.

Pérgamo

Pérgamo foi a maior cidade no oeste da Ásia Menor nos tempos do Novo Testamento. Pérgamo foi a primeira cidade do Império Romano a construir um templo dedicado ao Imperador Domiciano. Está situada em um espaçoso vale, a 26 quilômetros do mar Egeu, naquilo que é hoje a Turquia. Séculos antes de Cristo, Pérgamo foi a capital de um império independente (ver Dinastia Atálida). Seus templos impressionantes, biblioteca e recursos médicos fizeram de Pérgamo um renomado centro cultural e político. No tempo em que o Apocalipse estava sendo escrito, Pérgamo tornou-se parte do Império Romano, mas por causa da localização e importância, os romanos usaram-na como centro administrativo da província da Ásia.

Tiatira

Tiatira era um centro comercial na Ásia Menor (moderna Turquia). Estava localizada num fértil vale no qual passavam rotas de comércio. Embora destruída por um terremoto durante o reino de Augusto (27 a.C.-14 d.C.), Tiatira foi reconstruída com a ajuda romana. Produtos têxteis eram os mais importantes em Tiatira . Uma das comerciantes de roupas da cidade era uma mulher chamada Lídia, que conduzia negócios em lugares distantes como Filipos.

Sardes

Sardes foi uma das cidades legendárias da Ásia Menor, onde hoje é a Turquia. No século VII a.C., Sardes foi a capital da Lídia. Ouro foi encontrado no rio próximo de Sardes e reis que moravam lá foram renomados por sua riqueza. O Império Sassânida capturou Sárdis no século VI e fez dela um centro administrativo para a parte oeste do seu império. A famosa "estrada real" conectava Sárdis com outras cidades do leste. Nos tempos do Novo Testamento, Sardes foi parte da província Romana da Ásia.

Filadélfia

Filadélfia (Philadelphia) fica num vale aos pés de um platô montanhoso. Os reis de Pérgamo fundaram Filadélfia como um posto avançado do seu reino no século II a.C.. A cidade estava localizada ao longo de uma importante estrada que ligava Pérgamo ao norte com Laodiceia ao sul. Nos tempos do Novo Testamento, Filadélfia fazia parte da província Romana da Ásia. A cidade foi devastada por um terremoto em 17 d.C. e por um tempo as pessoas viveram com medo de tremores. A cidade foi reconstruída com ajuda do imperador Tibério. O nome Filadélfia significa amor fraternal.

Hoje é ocupada pela cidade turca de Alaşehir, situada a 130 km ao leste de Esmirna.

Laodiceia

Laodiceia fica no principal cruzamento de estradas dos vales da Ásia Menor, no que é hoje a Turquia. A cidade estava situada numa montanha que dava para um vale fértil e majestosas montanhas. Nos tempos romanos, a cidade era um importante centro de administração e comércio. As questões de justiça da região eram ouvidas em Laodiceia e fundos eram depositados nos bancos da cidade para segurança. Embora danificada por terremotos durante o reino de Augusto (27 a.C. - 14 d.C.) e novamente em 60 d.C., a cidade continuou reconstruindo e prosperando. Antigamente, a água da cidade vinha de aquedutos das fontes termais ao sul da cidade. Até chegar em Laodiceia, a água ficava morna.

Amém

Fique na graça e paz.

BIBLIOGRAFIA

Comentário Exegético do Apocalipse – Grant R. Osborne

pslarios
Enviado por pslarios em 30/01/2021
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