Vitória Completa

VITÓRIA COMPLETA

"Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo." (I Coríntios 15.57)

Geralmente, calvinistas preferem enfatizar mais o sofrimento de Cristo como obra do Pai do que como obra dos homens. Nas palavras de Shuger (1998), calvinistas colocam a agonia de Jesus não como violência política, mas como violência doméstica. A miséria mais excruciante de Cristo deriva da ira de Deus - ou, especificamente, do Pai, a primeira pessoa da Trindade. Esse é um elemento central na interpretação calvinista da Paixão de Cristo. A vitória de Jesus, nessa leitura, está em sua obediência ao Pai mesmo quando Ele lhe vira as costas como a um estranho e o fere como a um inimigo.

Nós também, em nossos sofrimentos, podemos nos sentir abandonados pelo Pai. Mas, se nos identificamos com Cristo pela fé, Ele já suportou o sofrimento por nós para que ele não nos destrua. Essa é a paciência da fé, a confiança em Deus ainda que Ele pareça ausente ou hostil. O juiz que está no controle sobre o sofrimento é nosso Pai, que não nos deixará sofrer para sempre, como não deixou Jesus, já que Ele "nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo" (2Co 5.18). Não há ira para nós que estamos em Cristo, apenas graça, misericórdia e amor.

A morte de Cristo é um convite para nós, que nos dizemos cristãos, a sofrermos também. Por isso, após falar que Deus nos dá a vitória por meio de Cristo, Paulo nos manda ser "firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor" (1Co 15.58). A vitória que temos em Cristo é completa, como diz o hino:

"Jesus me dá vitória, vitória completa.

Buscou-me, comprou-me com sangue remidor.

De coração amou-me, da perdição salvou-me.

Vitória me assegurou Jesus, meu Salvador." (HCC, 499)

Assim, nós somos vencedores até mesmo sobre nossa carne. Nesse sentido, quando confessamos os nossos pecados, devemos fazer isso não como derrotados, como pessoas que ainda estão escravizadas por Satanás, mas como vencedores, de modo que a tristeza pelo pecado deve estar acompanhada da esperança de que nós recebemos agora o poder para vencer o pecado e que no futuro nós seremos completamente livres dele. Então as quedas que sofremos são apenas acidentes na nossa vida, mas não é o pecado quem diz quem nós somos, e sim Jesus Cristo, o vencedor.

SHUGER, Debora K. The Renaissance Bible: scholarship, sacrifice, and subjectivity. Univ of California Press, 1998.