JESUS CONVERSOU COM O ESPÍRITO DE MOISÉS

A presença de Moisés durante a transfiguração de Jesus no monte Tabor, vem confirmar dois postulados importantes do Espiritismo:

1 – A imortalidade da alma

A Bíblia [1] afirma que Moisés morreu e o relato de sua morte encontra-se no livro Deuteronômio:

"Assim morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme o dito do Senhor. Este o sepultou num vale, na terra de Moabe, defronte de Bete-Peor; e ninguém tem sabido até hoje a sua sepultura". - E os filhos de Israel prantearam a Moisés trinta dias, nas campinas de Moabe; e os dias do pranto no luto de Moisés se cumpriram". [2]

E também no livro de Josué onde, conforme está escrito, o próprio Deus confirma o desencarne do legislador:

"Sucedeu depois da morte de Moisés, servo do Senhor, que o Senhor falou a Josué, filho de Num, servo de Moisés, dizendo: Moisés, meu servo, é morto [3]; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel". [4]

Moisés desencarnou, retornando vários séculos depois, como um espírito imortal no monte Tabor. Demonstrando assim, que a morte não é o fim, que a vida continua, pois todos somos seres espirituais. Confirmando também outro postulado do Espiritismo:

2 – A comunicação dos espíritos dos mortos com os homens

A crença na imortalidade da alma e na comunicabilidade dos desencarnados com os encarnados são crenças praticamente universais, pode-se encontrar relatos em todas as civilizações, antigas e modernas. Mesmo nas religiões cujas convicções doutrinárias não incluem esses intercâmbios, se encontram histórias sobre manifestações espontâneas de desencarnados que somente vêm corroborar as verdades imortalistas.

No caso do grande legislador hebreu, se não fosse possível essa comunicação Moisés não poderia ter estado com Jesus e conversado com ele. Inclusive naquele momento a presença do espírito de Moisés representava a quebra com a Lei antiga que ele mesmo estabeleceu com a Torá (Pentateuco). Não exatamente a Lei de Deus colocada nos dez mandamentos, mas, a Lei civil, transitória e modificável em muitos pontos como, por exemplo, o apedrejamento como pena de morte revogado por Jesus no episódio da adúltera [5].

Jesus sendo superior a Moisés, os seus ensinos deveriam ter proeminência em relação à Lei Mosaica.

Materializando-se no Tabor e conversando com Jesus a vista dos discípulos, Moisés demonstrava que a proibição das comunicações com os espíritos dos mortos registrado no Pentateuco, tinha um significado relativo e não absoluto, visando apenas preservar os hebreus da idolatria dos povos vizinhos [6]. Logicamente que os legalistas não iriam compreender e aceitar e o Mestre sabia que ainda não era chegado o momento, para essa e outras revelações, por isso, aconselhou os discípulos a não revelarem a ninguém o que haviam visto e ouvido [7].

Os adeptos das religiões tradicionais alegam que a aparição de Moisés tratou-se de ressurreição e transladação, isto é, Deus ressuscitou Moisés dos mortos e o transportou com corpo físico para o céu.

Eles utilizam como argumento principal a passagem contida na epístola de Judas (não o Escariotes), [8] que fala de uma discussão entre Miguel e satã pelo corpo de Moisés:

“Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda.”

Inicialmente, quem lê o capítulo na íntegra percebe claramente que a intenção de Judas na sua carta era repreender os falsos mestres que deturpavam a mensagem da boa nova. E citando uma antiga tradição relativa ao sepultamento de Moisés demonstrava aos leitores da epístola como se comportar diante dos escarnecedores, pois Miguel venceu Satã [9] pela palavra justa não se colocando no lugar de Deus como juiz. No entanto os falsos mestres falam mal do que não sabem se corrompendo. [10]

Muitos estudiosos acreditam que a passagem citada por Judas tenha sido retirada de um livro chamado “Assunção de Moisés” que era muito lido na época pelos judeus e pelos primeiros cristãos, mas, que atualmente não é considerado inspirado, não tendo legitimidade, não fazendo parte do cânone Bíblico nem da Igreja Católica nem das Igrejas Protestantes. Desse modo, parece estranho utilizarem uma passagem que eles próprios consideram apócrifa para dar suporte a um ponto doutrinário.

O versículo Absolutamente não fala que Moisés foi ressuscitado nem nas entrelinhas aparece a palavra ressurreição ou dá a entender algum ato relativo a isso. Relata apenas como vemos acima, uma disputa entre o arcanjo Miguel e o diabo pelos despojos cadavéricos de Moisés. Confirmando o Deuteronômio: Moisés morreu e foi sepultado.

Referências:

[1] Bíblia Sagrada. João Ferreira de Almeida. Ed. 1995 São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.

[2] Deuteronômio: 34: 5,6,8.

[3] os grifos são nossos.

[4] Josué 1: 1-2.

[5] João 8: 3

[6] ver o nosso artigo: A Proibição de Moisés

[7] 2 Pedro 1:16-18

[8] Judas 1:9

[9] Personificação do mal

[10] Judas 1:10