Por uma espiritualidade bíblica!

O ser humano é por natureza um ser religioso. Ele não foi criado somente para o aqui e agora, mas sim, pelo exercício da espiritualidade alcançar seu objetivo último que está além daquilo que vemos e ouvimos, daquilo que tocamos e sentimos. Viver e experimentar a vida é muito bom. Sentir o gosto de uma fruta doce, se aquecer em um cobertor, sentir o cheiro suave de uma flor, o vento acalentando o rosto. Tudo isso são sensações que nos diz que estamos vivos, aqui e agora, mas não pode ser só isto. Tem de haver algo a mais, tudo isso deve apontar para algo além, que transcende a matéria, e de fato há, mas o homem natural não compreende as coisas do espírito, disse o apostolo Paulo (1Coríntios 2.14), e por isso acredita somente naquilo que vê, naquilo que toca, naquilo que sente. Portanto, devemos cultivar uma espiritualidade bíblica, uma espiritualidade que aponta para aquilo que é nosso fim último, de maneira que as coisas terrenas sejam apenas algo que chame nossa atenção para um por vir, pois “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Co 2.9). Há um número grande de movimentos religiosos que têm cultivado uma espiritualidade distorcida, afastada daquilo que Deus revelou em sua palavra. Todas as vezes que ouço ou vejo escrito em cartazes frases do tipo: “Pare de sofrer, venha buscar sua benção, campanha do milagre urgente” etc., sempre desconfio da intenção de quem promove isso. A espiritualidade que está implícita nessas propagandas não é bíblica, não é de Deus. Na verdade, é uma espiritualidade medicinal, onde as pessoas buscam serem curadas de enfermidades, é uma espiritualidade mágica onde as pessoas buscam resolver seus problemas através de encantamentos, é uma espiritualidade lúdica onde as pessoas buscam se extravasar dançando ou pulando como se estivessem em shows, bailes e coisas do tipo. Viver e experimentar e vida é muito bom, mas não é somente isso. A espiritualidade revelada na palavra de Deus não nos proíbe aproveitar o que há de melhor na terra como o comer, o beber e se alegrar, mas nos mostra que há algo ainda melhor do que isso, “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm 8.18). Nem as coisas ruins que vivenciamos, e nem as boas são um fim em si mesmo, o que poderá nos livrar de muitas angustias que passamos é a consciência de viver uma espiritualidade bíblica que nos coloca no lugar certo, como agentes de Deus em um mundo que está sendo transformado, assim como nós somos transformados à imagem de Jesus. A espiritualidade bíblica nos mostra como viver aqui e agora, com muito ou pouco, tristes ou alegres, enquanto aguardamos um por vir.

Pastor Marcelo Junio.