Santa Dulce dos Pobres

Padre Geovane Saraiva*

A canonização da Irmã Dulce, o anjo bom da Bahia, primeira mulher brasileira santa, agora chamada de Santa Dulce dos Pobres, por ocasião da cerimônia do dia 13 outubro de 2019 no Vaticano, dentro do contexto sinodal Pan-Amazônico (6-27). Que esse esplêndido acontecimento desperte nossa consciência para o dom gratuito de Deus, que, como pessoas novas, fomos criados, segundo os desígnios de Deus, para a justiça e santidade.

Irmã Dulce nos recorda o exemplo do bom samaritano, que, na sua sensibilidade compassiva, parou e socorreu o pobre homem, encontrado à beira da estrada, ultrajado e enfermo, em consequência de um assalto dos malfeitores. Por essa parábola, que possamos amar o próximo, como a nós mesmos. No texto ela se cumpre, não nos homens instruídos na lei, mas no samaritano, tido pelos judeus e mestres da lei como incrédulo e pecador (cf. Lc 10, 25-37).

A aproximação de Deus, pela vivência de um amor irrestrito e solidário de Irmã Dulce, se torna realidade na comunidade dos que abraçam uma fé durável e sólida, numa Igreja inclusiva, quando pessoas, tidas como mal vistas, vulneráveis e empobrecidas, são pensadas e levadas em conta na ação pastoral. A citada parábola quer se identificar e se configurar com a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, a mesma Igreja em saída, tão visível no Papa Francisco.

Ela, na referida alegoria, carrega consigo neste mundo, convenhamos, as impressões do globalizado e fictício progresso, num consequente indiferentismo, acentuando-se sempre mais o materialismo, com léguas e léguas de distância da proposta do mundo fraterno e solidário. Nada melhor do que o exemplo da Irmã Dulce, nossa santa genuinamente brasileira, que olhou para os necessitados de toda natureza, sentiu a mesma compaixão de Jesus e cuidou deles, sem distinção.

Na Irmã Dulce, o Reino de Deus e sua justiça prefiguram como um sinal da caminhada no constante esforço para que se realize em nós a vontade de Deus, numa adesão a seu projeto de amor, a partir dos bens materiais, mas que se requer, acima de tudo, o aprazimento interior, que se supõe conversão à justiça divina. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza

Geovane Saraiva
Enviado por Geovane Saraiva em 10/10/2019
Reeditado em 14/10/2019
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