QUAL SENTIMENTO VOCÊ CARREGA DENTRO DE SI: DÓ OU COMPAIXÃO?
Muitas pessoas ficam confusas quando se pergunta qual sentimento ela carrega dentro de si: dó ou compaixão? Como distinguir um do outro? Embora pareçam ser a mesma coisa, são bem diferentes e apenas um deles pertence ao cristianismo.
Sentir dó de uma pessoa que está passando por algum tipo de sofrimento, qualquer um tem, pois se trata de um sentimento momentâneo, mais nada. O sentimento de pena muitas vezes é inevitável, pois sentimos um incômodo emocional, inútil e prejudicial que nos faz sofrer desnecessariamente, já que não ajuda em nada.
Quem sente pena, chora junto, pois tem facilidade de chorar com os que choram, mas dificilmente conseguem sorrir com os que sorriem. Sabe por quê? Pela dificuldade da aceitação de quem está num patamar superior ao dele motivada pela sua inclinação à inveja; e, caminhando junto com o derrotado o faz ter outro tipo de sentimento: o de superioridade. É incrível! Mas as pessoas conseguem ser grandiosas através da pena que sentem de outras pessoas. Seria esse um sentimento louvável? Com certeza não, sentimento de pena sem ação, não tem valor algum.
O que a Bíblia diz sobre isso? Em Hebreus 4,15-16 mostra que Jesus realmente sentia a dor das pessoas em seu próprio coração: "Porque não temos nele um pontífice incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado. Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno."
Vivemos numa época em que as pessoas estão cheias de pena, mas não são generosas e não se compadecem com o ser humano. Oferecer o ombro para alguém chorar é muito fácil, o complicado é contribuir para que as lágrimas dos que sofrem sequem. Esse sim é o verdadeiro cristianismo: a compaixão. Enquanto o sentimento de pena nos tira a paz, nos angustiam e nos faz sofrer, na compaixão nós sentimos empatia e reconhecemos o sofrimento do outro, somos solidários e ajudamos.
A compaixão faz com que nos coloquemos no lugar do outro. Sob o ponto de vista bíblico vemos muitas passagens de Jesus Cristo tendo compaixão das pessoas. Jesus se compadeceu da viúva que perdeu seu único filho: “Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a muita gente da cidade. Vendo-a o Senhor, movido de compaixão para com ela, disse-lhe: Não chores! E aproximando-se, tocou no esquife, e os que o levavam pararam. Disse Jesus: Moço, eu te ordeno, levanta-te" (Lucas 7,12-14).
Jesus se compadeceu da multidão que há três dias não comia: "Jesus, porém, reuniu os seus discípulos e disse-lhes: Tenho piedade desta multidão: eis que há três dias está perto de mim e não tem nada para comer. Não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no caminho" (Mateus 15,32).
Também se compadeceu da multidão que era como ovelhas sem pastor com sede da palavra: "Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas" (Marcos 6,34).
Ainda no livro de Marcos vemos o relato de um homem que há anos estava acometido pela lepra: "Aproximou-se dele um leproso, suplicando-lhe de joelhos: Se queres, podes limpar-me. Jesus compadeceu-se dele, estendeu a mão, tocou-o e lhe disse: Eu quero, sê curado. E imediatamente desapareceu dele a lepra e foi purificado" (Marcos 1,40-42).
Se essa geração não fosse tão submissa ao dinheiro e ao poder, poderíamos transformar, não digo o mundo, mas parte da sociedade que vive em extrema pobreza e miséria, seguindo simplesmente o exemplo dos discípulos de Jesus que possuíam uma compaixão muito forte entre si, em tudo davam graças e repartiam tudo o que tinham, entre eles não havia nenhum necessitado, mas todos compartilhavam da mesma situação: "Nem havia entre eles nenhum necessitado, porque todos os que possuíam terras e casas vendiam-nas e traziam o preço do que tinham vendido e depositavam-no aos pés dos apóstolos. Repartia-se então a cada um deles conforme a sua necessidade" (Atos 4:34, 35). Difícil né?
Temos um grande exemplo de compaixão dado por Jesus na parábola do bom samaritano: “Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto. Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante. Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei. Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? Respondeu o doutor: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faze tu o mesmo" (Lucas 10,30-37).
Todos sentiram pena, mas somente um teve compaixão.
E você tem vivido o verdadeiro cristianismo como o bom samaritano ou tem se escondido atrás de um sentimento inútil de pena? Ainda há tempo! Mude de atitude! Tenha compaixão em verdade!