A VINGANÇA E O DUELO COMO POLÍTICA DE ESTADO.

     Muitos argumentos o axioma ”direitos humanos são para humanos direitos”, afirmando com isso que determinados grupos de pessoas, por agirem a margem da lei, não merecem direitos, inclusive sobre a própria vida. Atribuindo a si o direito a julgar quem deve ou não viver.

          Deus vos outorgou o direito de vida e de morte, uns sobre os outros? Pergunta santo Agostinho (cap XII evangelho ). Ele mesmo responde;
Não.

          Mesmo que possamos considerar que haja diversas situações que a entre a vida de um malfeitor e a de um inocente seja justa defender a deste. Não é deste caso que aqui tratamos.
          Trata-se sim, de permitir que agentes da lei ou “cidadãos de bem” , agindo de modo tragicómico fora da lei, (pois não há pena de morte em nosso país, embora tenhamos a polícia que mais mata)tenham o direito e o dever de tirar a vida de bandidos sob qualquer hipóteses como por exemplo um simples roubo. Sim, simples roubo, porque o bem material, não é sentido da vida. Um mal não justifica o outro. Levar meu carro, pode me causar uma grande perda material, mas por isso um bandido em fuga que não coloca minha vida em risco, pode ser morto porque roubou meu carro ou meu celular? Esse é o preço da vida?

          “Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho”. (cap XII evangelho )

          Quando se critica a policia que mais mata. É importante primeiro destacar que também é a policia que mais morre! E o que é isso se não um duelo (moderno )descrito no evangelho?

Não mais a base da espada ou baioneta, mas do fuzil.
Pobre matando pobre enquanto a gente aplaude.

     Vale destacar que criticar esse modelo de política de Estado baseado violência na vingança não significa “querer levar o bandido pra casa” Amar os inimigos não é levar ao cinema e pagar pipoca.

          “há geralmente equívoco no tocante ao sentido da palavra amar, neste passo. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude”.(cap XII evangelho )

          Amar os inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem; é não opor nenhum obstáculo à reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem, e não o mal; é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, apresentando-se ocasião; é abster-se, quer por Amai os vossos inimigos 167 palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar. Quem assim procede preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos.
(cap XII evangelho )

          Todo espírita que ainda hoje pretendesse ter o direito de vingar-se seria indigno de figurar por mais tempo na falange que tem como divisa: Sem caridade não há salvação! Mas não, não posso deter-me a pensar que um membro da grande família espírita ouse jamais, de futuro, ceder ao impulso da vingança, senão para perdoar.
– Júlio Olivier. (Paris, 1862.)

Criticar a ações da polícia que leva a confrontos e morte indiscriminadas de bandidos e eventualmente de inocentes , é apoiar uma política de duelo

          “O homicídio por duelo é crime e a própria legislação dos homens reconhece. Ninguém tem o direito, sob hipótese alguma, de tirar a vida de seu semelhante.[...] vocês são juízes em causa própria. Lembrem-se que serão perdoados conforme perdoarem.
Adolpho, Bispo de Argel – cap 12, evangelho – o duelo

          “e é cem vezes mais culpado do que o miserável que, impelido pela cupidez, algumas vezes pela necessidade, se introduz numa habitação para roubar e matar os que se lhe opõem aos desígnios. Trata-se quase sempre de uma criatura sem educação, com imperfeitas noções do bem e do mal, ao passo que o duelista pertence, em regra, à classe mais culta. Um mata brutalmente, enquanto o outro o faz com método e polidez, pelo que a sociedade o desculpa”.
Santo Agostinho - cap 12, evangelho – o duelo

Entre “o levar para casa” e o “bandido bom é bandido morto”, há alternativas.

          Quem comete crime, desse ser perdoado desse sua ofensas, mas responsabilizados pelos seus atos. Porém, Primeiro cabe a todos a presunção da inocência (não julguemos antecipadamente ou outros para não sermos julgados , pois não desejemos aos outros aquilo que não desejamos para nós). É preciso garantir a todos o direito de se defender para que se evite injustiças. Quantas histórias de pessoas que foram presas, linchadas porque foram confundidas com bandidos? Quantas pessoas foram mortas por crimes passionais, por agentes da lei que se aproveitaram de sua posição para cometer crimes e forjar a culpa da vítima.. Quantas pessoas são mortas em favelas e ditas por alguns como inocentes e por outros que não? Mas quem saberá? E mesmo que sejam casos raros, quem gostaria de se candidatar a essa injustiça? Ao permitirmos essa política de extermínio criamos uma insegurança jurídica, pois não conseguimos saber onde está a verdade pois, pulamos a investigações e confiamos o direito ao Estado “matar” em nome da lei. Proteger o direito de um marginal se defender é proteger o meu direito, o seu, de todos de se defender diante da lei!

          Alem do mais, se estamos todos juntos nesse mundo de provas e expiações, e porque alem de termos débitos e pecados, sabe se lá o que já fizemos em nossas vidas anteriores! Quem somos nós para antecipar o destino de alguém, antecipando os juízo de Deus?

"Todo agressor sofre em si mesmo. É um espírito envenenado, espargindo o tóxico que o vitima. Não desças a ele senão para o ajudar" (Joana de Angelis Livro: Florações Evangélicas)

É preciso lutar por uma sociedade justa. E justiça é transformar o mal é bem!

Bandido bom é bandido preso, julgado, condenado, penalizado e reabilitado!