“Não dar o peixe, mas ensinar a pescar”

 
     Toda luta por justiça social e eliminação das desigualdades e das mazelas sociais passa pela construção de uma sociedade com direito a acesso a uma educação de qualidade que forma um cidadão ético, crítico e qualificado para que possa exercer alguma atividade laboral para influir no seu sustento e de sua família. Isso leva pelo menos duas décadas. Isso se já considerarmos que o sistema educação funciona. Devemos lutar por isso. Mas quem tem fome tem pressa. E só quem tem fome sabe. E enquanto o faminto não aprende a pescar? Deixamos morrer de fome? Muitos pensam que alimentá-los os tornam preguiçosos e jamais farão algum esforço para “aprender a pescar”. Mas qual de nós tem o direito moral de fazermos esse julgamento, esse determinismo sobre o outro. Por acaso, somos também onisciente e onipresente?
     
Quando Jesus disse que para realizarmos o reino dos céus em nós, deixou claro que não adiantava viver de oração e fé, mas aquele que der de comer e beber as crianças ou aqueles que necessitam, àqueles que têm fome e sede, assim então herdará o “Reino do Céu”. Não existe nenhuma passagem em que Jesus sugere que não devamos atender os necessitados, auxiliá-los para não ficarem mal acostumados e preguiçosos. O que nos ensinou foi a não julgar.

     Jesus quando pregava no monte e era uma pregação importante. No entanto não ignorou a fome do povo e mandou que repartisse pães e peixes para todos. De certo que o mesmo é feito por diversos grupos cristãos em atividades de caridades nos seus templos. O que causa estranheza é que, quando feito no templo, parece lindo, nobre, caridoso, mas quando isso é feito através de políticas públicas como "bolsa família" e outros "benefícios sociais" nos posicionamos contrários...