Brasil 2018: Evangélicos ideologizados pela doutrina fascista
Incalculável número evangélicos não votou no presidente do Brasil, mas as manifestações públicas e lamentavelmente nos púlpitos e na literatura significativos. Para onde corressem os cristãos semi-protestantes seria vergonhosa sua prática sob a perspectiva do Evangelho concreto e bíblico. O trágico foi que enquanto o processo-projeto político do candidato se desenrolava, desde agosto de 2015, tendo como atores visíveis a policia federal, o ministério público federal, a imprensa nacional e as empresas-igrejas, fazendo eito e acero para o líder maior, estendendo o tapete da mentira, da incapacidade crítica do povo brasileiro, inclusive da membresia, acometida de crônico analfabetismo funcional e teológico, construímos discurso paralelo, mentiroso e abominável (2ª Coríntios 13.8).
Ministramos nas celebrações mentiras em doses. Se aprofundássemos para o bem dos crentes e da nação, constataríamos estar fazendo o jogo do Acusador de Jób. A corrupção no Brasil está longe de ser a maior e pertencer a um partido político, cujo trabalho resultou para as obras sociais das igrejas, frutífero. O Brasil, dos pobres, com quem Nosso Senhor caminhou, ao lado dos quais se posicionou, atraindo contra si a fúria da elite religiosa, política e jurídica de seu tempo, melhorou nas oportunidade de trabalho, exercício da felicidade, acúmulo de bens e estudos de 2002 para cá. Os evangélicos não se preocuparam com a honestidade demandada pelas Escrituras e fizeram coro gratuito com o besteirol da imprensa e da justiça humana, sempre discriminadoras e rigorosas com os apartados da sociedade branca e de melhores condições financeiras. Isso desqualificou o nosso testemunho quanto às recomendações do Apóstolo Mateus, Tiago e João de que nosso compromisso seria com os oprimidos e não com os opressores. 1ª João 3.14-18; Tiago 2.14-16. A propósito, as designações de direitos humanos, respeito ao preso, oprimidos e opressores, discurso crítico com detentores do poder econômico, combate ao charlatanismo, são categorias de análise pertencentes ao Senhor Jesus, ao Apostolado, ao Cristianismo antes que o marxismo ou o comunismo, campos que se pretendem banir da realidade brasileira, como se mudar os designativos se alterasse o real modo de vida de uma sociedade - Tiago 5:1-7.
Nossas preocupações tolas a respeito do comunismo e ateísmo, resultam da ausência de vidas cristãs de qualidade nas comunidades evangélicas, que se valem do entretenimento, do desprezo pelo estudo e pesquisa, preferência pela fé fácil e mágica, pelo fingimento, que desagrada a Deus. Deus se enoja da maioria das nossas orações, falsa piedade, do uso dele nas redes sociais, do pragmatismo de fé. Atentemos a epístola aos Hebreus para confrontar, nas palavras de Jay Adams, a ritualidade boba praticada inclusive na política. Combatemos o comunismo porque somos mesquinhos, queremos enriquecer a qualquer custo, até mesmo do Nome de Deus, cuidamos do nosso nariz, não gostamos da idéia de dividir. Os cristãos modernos, ao contrário dos primitivos, querem agregar patrimônio, deixar herança. Combatemos aguerridamente o ateísmo, defendemos uma teocracia anacrônica, tola, anti-histórica, medieval e cruel, porque tememos a fragilidade dos nossos argumentos para enfrentar o mundo secular e só podemos calá-lo diante da negação da liberdade que tanto arrogamos para o exercício da nossa fé. Demos um passo em falso ao elegermos o atual governo. Deus tenha misericórdia de todos nós.
[Bolsonaro e Evangélicos, Integralismo brasileiro, Reacionarismo evangélico, Eleições presidenciais de 2018 e os evangélicos reacionários Cristianismo e política brasileira]