Igrejas locais como intermediárias da assistência social pública
Igrejas protestantes e evangélicas carecem de reavivamento em todos os aspectos, o que só virá através de nutritivas bibliotecas, saborosas leituras, material de educação cristã substancioso, espaços agradáveis de culto e estudo. Seus templos devem permanecer abertos todos os dias, oportunizando devoção e cultura. Os crentes devem acessar informação de qualidade para o desenvolvimento de homens e mulheres de fé qualificada. Em Habacuque “...torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler quem passa correndo”. O fundador do Cristianismo era inseparável dos livros “...quando vieres traze a capa que deixei em Trôade, e os livros, especialmente os pergaminhos” (2ª Tim. 4:13). Somos vítimas do biblicismo. Idiotizados consideramos ortodoxia carregar a Bíblia debaixo do braço, guardá-la em casa sem ler. O biblicismo tem seu inconveniente perigoso, defender a exclusividade da Bíblia em nossas leituras, desprezando outras áreas do Conhecimento. Não se lê coisa alguma. Nossos filiados ignoram à história de suas denominações, teólogos que fincaram os fundamentos da fé cristã, heróis da fé que dos tempos bíblicos aos nossos dias realizaram obras espetaculares, na Teologia e na obra social cristã? Quantos conhecem a biografia de Albert Schweitzer, médico, missionário na África e que diante das condições deploráveis de saúde pública dos nativos, deixou de pregar para evangelizar mediante a assistência médica uma sociedade entregue à Morte? Conhecem a contribuição teórica e humanitária do Pastor batista, Walter Rauschembush, que trouxe ao mundo imbecilizado pelos delírios teológicos do século XX a necessidade dos cristãos meterem as mãos, pés e o coração na luta por minorar o sofrimento físico e mental das pessoas?
As igrejas brasileiras, fruto da extensão religiosa do cristianismo dos EEUU, por isso, permeadas de liberalismo econômico e capitalismo teológico. Posição não cristã, mas confortável para acumuladores de riqueza, respaldando-se nas supostas bênçãos divinas, e na indiferença para aqueles que são, pelas contingências do sistema produtivo mundial, alijadas da dignidade humana. 1ª João 3:14-18. Importa-lhes pregar sobre a vida no céu, delirante, salvar as almas e deixar que a vida material, o corpo, as crianças, as condições dignas de moradia ou não, se arrebentem. Lendo a Bíblia, frequentando as escolas dominicais é o que nos importa. Se dormem bem, em casa ou na rua, se retiram sua alimentação do lixo ou dos mercados, se estão cobertos ou não pelo atendimento à saúde, sujeitos ou não à violência das autoridades, pelo nosso conceito americano de amor, não nos pertence.
A Bíblia e a História da Igreja Cristã registram o dever dos cristãos em praticar o Evangelho Social, em trilhar o Caminho de Jericó. A multidão ouvia Jesus quando os discípulos perceberam que lhes faltava alimento físico. A ordem dEle foi, dai-lhes vós de comer, Lucas 9:13. A solidariedade material e afetiva marcaram os primeiros dias do Cristianismo, Atos 2:42-45. O Evangelho Social é ensino paulino, 1ª Timóteo 6:17-19. O primeiro Concílio Pastoral da Igreja Cristã pautou este princípio, Gálatas 2:10. O perigo e a hipocrisia está na desfaçatez com que algumas igrejas realizam obras sociais, repassando subvenções dos governos. Igrejas locais não são braços do Poder público. Estado e Igreja são separados. As obras assistenciais das igrejas deve vir da contribuição de seus membros somente, Provérbios 13:7, Tobias 12:8, 1ª Coríntios 16:1-2; 2ª Coríntios 8:1-18.