Escambo

Charlatanismo e satanismo são especificidades que se complementam pela consistência genética do mesmo embrião. Satã não pode deixar de ser um charlatão. Que, como quer a alegoria, tudo pode conceder a você em troca de sua alma.

Há pessoas especializadas em apequenar ou mesmo erradicar toda a nossa fragilidade espiritual – e até mesmo as de caráter físico –, provocada pelo desespero e desencanto com as piores adversidades da vida. É o que elas sistematicamente anunciam. Garantem solução rápida para o caso de um filho drogado, uma esposa ou marido dependente do álcool ou do jogo, a perda de um emprego, uma doença incurável. Estabelecendo-se, em troca, a dependência a esse tipo de profilaxia. Ou mais precisamente às pessoas que garantem o sucesso de tais procedimentos.

Essas pessoas podem atuar individualmente, sob os aspectos mediúnico, evangélico ou mesmo católico. A tendência, contudo, é a formação de uma legião para, a partir daí, estabelecerem-se em religiões que têm como fundamento a atividade do socorro. “Pare de sofrer”, por exemplo, é o que algumas dessas religiões alardeiam para as pessoas como sendo algo que se possa conseguir da noite para o dia. Bastando que o sofredor cumpra com obrigações e compromissos, muitas vezes pecuniários, que lhe forem atribuídos. O que, de certo modo, a Igreja Católica já fazia com a venda das indulgências aos que pudessem pagar.

A troca gera o interesse. Já devemos ter lido que curandeiros curam. E isso de fato pode acontecer. Já que até as plantas curam. Mas não cobram consulta, não cobram a nossa presença e nem ficam com a nossa alma, propriedades ou o dinheiro. Exigem apenas a dosagem adequada de seu principal alimento, a água.

Rio, 15/02/2018

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 17/02/2018
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