REENCARNAÇÃO ENTRE OS JUDEUS DO NOVO TESTAMENTO

“Responderam: Uns dizem que é João Batista; outros Elias; outros Jeremias ou um dos profetas.” – “E responderam-lhe: Uns dizem que és João Batista; outros Elias, outros pensam que ressuscitou algum dos antigos profetas.” (Mateus 16: 14; Lucas 9: 19)

No Novo Testamento se podem encontrar referências claras à ideia das vidas sucessivas entre os judeus daquela época.

Nas passagens acima, Jesus interroga os seus discípulos quanto ao que o povo dizia a seu respeito nas terras de Cesaréia de Filipe [1]. Certamente, a curiosidade da população daquela cidade faria com que surgissem diferentes pontos de vista a seu respeito, por isso, os seus seguidores mais próximos prontamente relataram as suas impressões: para uns João Batista, para outros o próprio Elias ou Jeremias ou talvez algum outro profeta importante do passado que retornava.

E a palavra utilizada para esse retorno segundo o evangelista Lucas é o termo ressurreição.

Apesar da forte influência politeísta que existia na cidade, o texto indica que as opiniões referentes a Jesus provinham de seguidores ou simpatizantes do judaísmo, devido às referências que faziam aos antigos profetas de Israel e Judá.

Entretanto, como alguns daqueles judeus poderiam acreditar que Jesus fora um antigo profeta ressurreto se o jovem rabi tinha pai, mãe e irmãos? Por que creriam ser Jesus a ressurreição física de personagens mortos séculos antes de sua época [2], se o Seu próprio nome denunciava de quem era filho? Jesus chamava-se: Yeshua Ben Yussef, traduzindo: Jesus Filho de José. [3]

A explicação mais coerente para essa contradição não pode ser outra senão a ideia das vidas sucessivas.

No contexto cultural daquela época, as pessoas tinham seus nomes atrelados à sua família, geralmente o nome do pai [4], lugar de nascimento ou de moradia, que eram usados como sobrenome e apelidos.

Ora, se aquele povo sabia que Jesus tinha parentes, já que seu nome e a região de onde provinha assinalava quem tinha família, então fica claro que uma parte da população judaica da cidade, cogitava a possibilidade de Jesus ser a reencarnação de algum dos antigos profetas, renascido em outro corpo e sob outra personalidade, como não tinham um nome especifico para o fenômeno utilizavam a mesma palavra, ressurreição, tanto para a renascença em outro corpo (reencarnação) quanto para o ressurgimento no mesmo corpo.

Por isso, Allan Kardec afirmou no “Evangelho Segundo o Espiritismo” Capítulo IV, item 4 onde lemos:

“As ideias dos Judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não eram claramente definidas, porque eles só tinham vagas noções sobre a alma e sua ligação com o corpo. Supunham que um homem, que já tivesse vivido, podia reviver, sem saberem de que maneira se podia realizar o fato. Designavam pela palavra ressurreição o que o espiritismo mais judiciosamente chama de reencarnação.”

[1] Localizada ao pé do monte Hermon, próxima do rio Jordão, a 40 quilômetros do Mar da Galileia e 150 quilômetros de Jerusalém, atualmente chama-se Banias. Foi construída por Herodes Felipe filho do rei Herodes.

[2] Exceto João Batista que havia morrido pouco tempo antes.

[3] João 1:45, João 6:42 e João 7:25-28; Mateus 1:6; Lucas 1:27, Lucas 3:23 e Lucas 4:22.

[4] Nomes Patronímicos.