ainda sobre a terra de Canaã.
Quinhentos anos antes de Abraão florescia um intenso comércio de importação e exportação nas costas de Canaã. Na terra do Nilo trocavam-se ouro e especiarias da Núbia, cobre e turquesa das minas do Sinai, linho e marfim por prata do Tauro, artefatos de couro de Biblos, vasos vidrados de Creta. Os ricos mandavam tingir suas vestes com púrpura nas grandes tinturarias da Fenícia. Para as damas da corte produziam um maravilhoso azul de lápis-lazúli — as pálpebras pintadas de azul eram a grande moda — e estíbio, cosmético para os cílios, altamente apreciados pelo mundo feminino. Nas cidades marítimas de Ugarit (hoje Ras Shamra) e Tiro estabeleciam-se cônsules egípcios, a fortaleza marítima de Biblos era colônia egípcia, levantavam-se monumentos faraônicos nessas cidades e príncipes fenícios tomavam nomes egípcios. Mas se as cidades costeiras ofereciam um aspecto de vida ativa, próspera, opulenta mesmo, a poucos quilômetros para o interior começava um mundo de vividos contrastes. Os montes do Jordão eram um eterno foco de inquietação.Eram incessantes os ataques de nômades às populações sedentárias, as rebeliões e as contendas entre cidades. Como isso punha em perigo o caminho das caravanas ao longo da costa do Mediterrâneo, os egípcios tinham que organizar expedições punitivas para chamar à razão os desordeiros. A inscrição encontrada no túmulo do egípcio Uni dá-nos uma descrição minuciosa da maneira como foi organizada uma dessas expedições punitivas por volta de 2350 a.C.. O comandante militar Uni recebe do Faraó Fiops I ordem de organizar um exército para atacar os beduínos asiáticos que invadiram Canaã. No próximo capitulo daremos mais informações sobre essa campanha.