A cidade santa: obra de Deus e dos homens
Padre Geovane Saraiva*
João Batista preparou o povo para o início da missão pública de Jesus, dizendo com todas as letras que ele mesmo caminharia à frente do Cristo Jesus, anunciando que os sinais dos tempos chegaram e as promessas anunciadas por Zacarias estavam para se realizar. O seu vibrante convite foi o de acordar o povo do sono, muitas vezes profundo, para reconhecer o Salvador como o Sol que veio nos visitar; que temos que colocar na mente e no coração o nascimento do precursor, a indicar-nos o caminho da solidariedade e da justiça, rumo à cidade santa, que é obra de Deus e também obra das pessoas de boa vontade que aceitam o projeto de Deus anunciado por João Batista.
Ele é lembrado como uma pessoa que viveu com muita seriedade e com muito rigor, na austeridade e na penitência, defensor da verdade e da justiça, prometendo tempos bons e o futuro tão esperado pela humanidade. Uma figura humana, ungida e santa, de tal modo, segundo o Livro Sagrado, que ainda no seio materno exultou com o Salvador da humanidade que estava para chegar. Seu nascimento trouxe grande alegria, não só pela esterilidade de seu Pai, Zacarias, que se transformou em fecundidade, e o homem mudo passou a ser um profeta corajoso e exuberante (cf. Lc 1, 57s), mas como sinal e farol da realização das promessas redentoras, com tempos novos e messiânicos.
Como é belo e maravilhoso olhar para a grandeza do homem, a partir da austeridade e humildade, alimentando-se de gafanhotos e mel da selva, figura humana e divina que recebeu o maior de todos os elogios do seu Mestre e Senhor, ao afirmar: “Dos nascidos de mulher, ninguém é maior que João Batista” (Mt, 11, 11). É por isso mesmo que somos convidados a falar bem alto, com palavras e com a própria vida, da renúncia, da doação e da generosidade, tendo diante dos olhos e na mente o maior de todos os profetas, que mostrou ao mundo a salvação que chegou para todos.
João, filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, conhecido como o precursor de Cristo pelo anúncio da palavra e na entrega de sua vida, tendo nascido seis meses antes do Messias de Deus, não exerceu função sacerdotal, a exemplo do seu pai Zacarias, mas foi mostrado ao mundo como pregador, como um homem que desempenhou bem sua função, anunciando um batismo de penitência para o perdão dos pecados. Seu grande trunfo encontrava-se na vinda do Salvador da humanidade. Sua vocação profética, desde o ventre materno, reveste-se de algo extraordinário, repleto de júbilo messiânico, ao preparar o nascimento do Salvador da humanidade.
Vemos, com clareza, os olhos cheios de lágrimas do Papa Francisco e de muitos irmãos, ao contemplar a realidade do mundo, com cidades e povos alheios e distantes do projeto de Deus, anunciado por João Batista. Que tais sinais possam se transformar em esperança, como algo alentador, no sonho de tempos novos, dentro do contexto da natividade de São João Batista, transformando-nos de verdade em artífices do Reino de Deus, na busca de um mundo de justiça, solidariedade e paz. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com