A Magia em todas as religiões
A crença em seres diversos dos anjos a demônios, mesmo em religiões monoteístas é grande. É interessante que monoteísmo significa adoração a um só Deus, mas não necessariamente que no mundo espiritual só exista este Deus.
Anjos, demônios e espíritos dos mortos fazem parte deste cosmos espiritual. O que varia são as atribuições dadas a estas entidades. No cristianismo moderno, somente as entidades ditas "beníginas" são de certa forma reverenciadas como santos e anjos. A outras são atribuídas alguns males e responsabilidades por coisas ruins - são os demônios.
Em todo caso, este cosmos espiritual influencia o mundo terreno, e as pessoas pedem intercessão dos mesmos como proteção, bênção e atendimento de alguma graça. Acendem velas, andam com escapulários, não passam perto de templos sem fazer um "em nome do pai".
Padres repetem um liturgia sagrada, contam em seus sermões os significados espirituais das palavras da Bíblia - inclusive de explicação do cotidiano e suas mazelas. Pastores extraem de curtos provérbios lições sobre crise financeira e proteção do casamento. O padre asperge água benta. O pastor te unge com óleo consagrado.
Os espíritas invocam mortos em busca de conselhos ou mesmo para auxília-los. A umbanda lida com forças diversas colocando-as a seus serviços.
Católicos fazem novenas e contam rosários. Evangélicos participam de rituais de quebra de maldição e evitam contato com músicas e pessoas afastadas de sua espiritualidade.
Mesmo o descrente acredita na sua vontade, no seu ódio e na sua rejeição como capazes de alguma forma modificar a realidade e atingir seus inimigos. Quer coisa mais mágica que perdoar alguém esperando que a vida dê a lição que o ofendido não pode dar?
Acreditamos que a vida irá mostrar o que é certo, que dará uma lição no ofensor. Acreditamos que certa disciplina interna e respeito a preceitos morais irá nos garantir os favores e clemências de algum santo, anjo ou mesmo de Deus.
Evitamos de mexer com as coisas do diabo, para evitar que ele se interesse por nós - ou para que nós não nos interessamos por ele.
Torcemos, vibramos e acreditamos que certa forma de acreditar com convicção (fé) pode nos levar a obter favores, graças e livramentos desejado.
O que isto tudo significa? As ideias da magia estão presentes em muitas religiões, que de forma alguma podem ser consideradas ocultistas. A ideia de tentações, inveja, a força do ódio, o pecado, tudo se relaciona a lidar com estas forças que não necessariamente se referem a Deus.
O que existe de fato contra o ocultismo é mais da ordem dos rituais e relações com entidades do que a crença em si nas coisas mágicas.
Talvez os céticos sejam os mais isentos em relação a estas crenças, mas duvido que sejam indiferentes ao desejo, a esperança na força da bondade ou na luta por um bem maior.
Os crentes que condenam a prática da magia o fazem sem saber que também praticam magia. Anjos católicos e evangélicos, por assim dizer, derramarão cálices com a ira de Deus. O próprio Deus deu ordens de extermínio de nações inimigas e mesmo daquelas que simplesmente estavam em seus território prometido.
Coisas ruins acontecem mesmo entre aqueles que seguem estas religiões.
O que fazem muitos cristãos não é negar a existência dos ditos demônios, mas sua evitação, no que possam significar de coisas que devem evitar. Particularmente, não sei se um evitamento é mais bem sucedido negando o desejo ou assumindo o desejo e trabalhando conscientemente sobre ele.
Ignorar o desejo não implica que o mesmo desapareça, mas que ele busque formas inconscientes de manifestar, e consequentemente sem maior controle. Então se a evitação de um desejo ocorre o ignorando ou fugindo do mesmo é possível que suas consequências nefastas sejam maiores do que se assumido e trabalhado conscientemente.
O que o ocultismo busca então? Simples. Conhecer o que nos foi proibido e pensar nesta proibição. Não que tudo tenha que ser liberado, mas que tudo precisa ser conhecido antes de ser escolhido. Não há verdadeira escolha quando as alternativas estão obscurecidas ou enganosas.
Tanto que alguém que compra gato por lebre, não escolheu comprar o gato - foi enganada. Só comprou por que julgou se tratar de outra coisa.