A salutar compaixão de Deus

Padre Geovane Saraiva*

A compaixão de Deus pela humanidade e pelo planeta faz-se mais do que necessária às pessoas de boa vontade, inspiradas na reação de Jesus, na sua enorme e radicalmente sensibilidade ao sofrimento das pessoas. O ensinamento vem de Jesus, no episódio da aldeia de Naim, diante da viúva em trágica situação, no contexto de uma sociedade em que o controle era exercido por homens. O Filho de Deus se deparou com uma mulher envolvida em profunda dor, não lhe dizendo nada, só chorando, para externar seu abatimento, pelo filho que tinha acabado de morrer.

Dor sagrada e salutar numa visão de fé, ao chegar ao íntimo do interior do Filho Deus, reagindo de imediato, dizendo não à dor e à tristeza, na radical e concreta compaixão: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” (cf. Lc 7, 11-17). Esse é o nosso Deus a nos livrar das garras da dor, do sofrimento e da morte, oferecendo-nos ternura e misericórdia, vindo ao encontro da humanidade solidária, que com ela deseja sempre mais edificar seu projeto de amor.

Igualmente, vemos o mesmo Deus, radicalmente presente na dor, angústia e gemido do planeta, pela devastação ambiental, ao mesmo tempo a clamar, a exemplo da viúva de Naim, por uma compaixão dadivosa e misericordiosa, diante da poluição alarmante do nosso mundo, pelos gazes e fumaça na atmosfera, deixando comprometida a camada de ozônio, num crescente processo de aquecimento global.

E aqui no nosso Brasil também não fugimos dessa realidade da vida ambiental, pela Mata Atlântica, Floresta Amazônica, Semiárido e Cerrado, com evidentes sinais de redução contínua e comprometimento do seu rico potencial, não esquecendo a biodiversidade, o tráfico de animais silvestres, etc.

Aos olhos da fé, percebemos a mão de Deus, num mundo demasiadamente sofrido, comparado com o da época vivida por aquele que temos a honra de tê-lo como patrono do meio ambiente: São Francisco de Assis.

Quando alhures dissemos em artigo que toda civilização necessita de figuras exemplares, modelos e referenciais, as quais mostrassem concretamente ao mundo grandes sonhos e utopias, numa palavra, e os valores últimos, em termos de sustentar as motivações dos seres humanos, na sua relação e ação com Deus e seus semelhantes, com a natureza ou meio ambiente, aproximava-nos de uma inspiração; parece até que antevíamos a grande novidade ou presente que o mundo acolheu carinhosamente (13/03/2013), com a eleição do Papa Francisco.

*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com

Geovane Saraiva
Enviado por Geovane Saraiva em 08/06/2016
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