Os pecados contra o Espírito Santo
CARTA 183
PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO
Uma leitora me escreveu revelando, em uma carta muito bem escrita, seu gosto por uma determinada crônica que escrevi em um jornal onde tenho coluna, dizendo-se fascinada pelo luar. Outra moça telefonou, ligando minhas emoções com a proximidade da lua, nesta época. A referida senhora indaga a respeito dos “pecados contra o Espírito Santo”. Disse que andou atrás e ninguém soube esclarecer suas dúvidas.
Infelizmente é uma realidade: o povo não é ensinado a respeito das coisas de Deus porque muita gente, que deveria conhecer, ignora certos pontos fundamentais da doutrina. E acontece como disse o próprio Deus pela boca do profeta Oséias: “Meu povo se perde por falta de conhecimento” (4, 6). Os chamados “pecados contra o Espírito Santo” são seis, e encontrados na dogmática da pneumatologia, ou seja, na parte da teologia que estuda o Espírito Santo.
Primeiro: desesperar da salvação. Não é raro escutar-se pessoas desesperadas, confessando-se perdidas, rejeitadas até por Deus. Sendo a salvação um dom e jamais uma conquista, fruto de obras ou de evoluções, ao desesperar-se, a pessoa descrê no supremo dom de Deus, na vida abundante que o Filho veio adquirir.
Segundo: Presunção de salvar-se por si mesmo. O ser humano não tem méritos nem é capaz de passar por fases de evolução que lhe conquistem a salvação. Ela é fruto da gratuidade e da comunhão de Deus que, mesmo assim, fixou no Evangelho eterno algumas pistas para essa comunhão.
Terceiro: Contradizer a Verdade revelada como tal. A Verdade, grafada com maiúscula, é aquele conjunto de revelações divinas, como o amor de Deus, a mediação de Cristo, a salvação comprada com seu sangue e fé e a vida eterna.
Quarto: Invejar os dons que Deus dá aos outros. Escutei, certa vez, uma senhora com algumas horas de igreja, dizer que “Deus seria injusto se desse mais dons a uns que a outros...”. Sem comentários!
Quinto: Obstinação no pecado. Da libertinagem pessoal ao liberalismo social, observa-se, sem muito esforço, uma obstinação cega pelo pecado. “Sinais dos tempos”.
Sexto: Impenitência final. Na região colonial, um gringão estava à morte. Chamado para ministrar-lhe o sacramento dos enfermos, o padre foi recebido com blasfêmias e palavrões. Naquela noite o velho morreu. No dia seguinte, o caixão não entrava na carneira do cemitério. Parecia haver inchado. Assim que o coveiro arrancou o crucifixo da tampa, o caixão entrou no buraco. A comunhão rejeitada em vida foi aceita após a morte.
Em meu artigo anterior (“Quando vier o Paráclito”) fiz menção às palavras de Jesus que alertou que quando da vinda do Espírito este traria consigo o esclarecimento sobre o pecado e o julgamento. Pecar contra o Espírito Santo é, portanto, não reconhecer a iluminação que ele proporciona à vida espiritual das pessoas, é não acolher o dom de Deus e desprezar a inspiração para a busca da conversão necessária.
Esses pecados não têm perdão, nem nesta vida nem na outra.
O autor é Escritor, Filósofo e Moralista (pos graduado em Teologia Moral)