A força simbólica da Quaresma

Padre Geovane Saraiva*

“Quaresma” é uma palavra de forte força simbólica, muito usada na caminhada do povo de Deus. Expressa um tempo santo, um tempo abençoado (dias, noites e anos) em que Deus se revela e se manifesta em toda a sua plenitude, com sua presença misericordiosa, com graças especiais, na vida e no mundo dos seres humanos. Contemplando a face do nosso bom Deus, que prossegue firme na sua caminhada para o Pai, nós somos convidados a repetir o mesmo gesto, convictos de que Deus é a fonte e a origem da misericórdia.

A satisfação, a esperança e a alegria da Paróquia de Santo Afonso é enorme neste 14 de fevereiro, pelo passeio ciclístico, iniciativa da equipe da Campanha da Fraternidade, com apoio do Projeto Dom Helder, Arte e Missão, associados aos amigos do Pedal Amigo, conscientes de que a Campanha da Fraternidade 2016 quer sensibilizar a todos a partir do lema: Casa Comum, Nossa Responsabilidade, e igualmente o tema tirado do Livro Sagrado: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (cf. Am 5, 24). A Quaresma nos leva, pois, a pensar com seriedade na nossa imensa responsabilidade, no sentido de superação do processo de destruição no qual o planeta se encontra.

Deus, com sua mão poderosa e ternura de Pai, neste tempo da Quaresma, quer de nós um coração grande, generoso e bom: “Prefiro a misericórdia ao sacrifício” (cf. Mt 9, 13). Ele mesmo quer estar conosco neste tempo favorável por excelência, tempo em que a salvação, que é dom e graça, nos é oferecida (cf. 2 Cor 6, 2), no que o Papa Francisco nos assevera: “Onde o Senhor está se encontra a misericórdia”.

Vamos nos convencer ainda mais, nesta Quaresma de 2016, que a glória humana e os reinos da terra estão longe do projeto de Jesus. “Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, depois disso, teve fome” (cf. Mt 4, 1-2). O Filho de Deus é tentado pelo diabo no deserto, mas já experimenta a glória, ao vencer o mal e o egoísmo, com todos os seus frutos.

As tentações de Jesus resumem toda a luta da pessoa humana contra os poderes do demônio, e as tentações do deserto são um resumo de toda a vida do enviado do Pai, com as riquezas de suas experiências. Ele andou de lugar em lugar, de aldeia em aldeia, fazendo o bem a todos durante toda a sua pregação e ministério, na mais absoluta certeza de que Deus, Nosso Senhor, neste tempo, quer de nós a graça da conversão do coração. De nossa parte, respondamos, não só com súplicas e louvores fervorosos, mas, sobretudo, com um coração profundamente aberto à solidariedade: “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso” (cf. Lc, 6, 36).

Neste tempo forte e abençoado, receptivos ao convite do Filho amado do Pai, somos convidados pelo próprio Deus a buscar a paz verdadeira e duradoura, graça preciosa de Deus, pelas obras de misericórdia do caminho jubilar, na dadivosa iniciativa vinda do coração do Papa Francisco, na seguinte assertiva: “Portanto, a Quaresma deste Ano Jubilar é um tempo favorável para todos poderem, finalmente, sair da própria alienação existencial, graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia”. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com

Geovane Saraiva
Enviado por Geovane Saraiva em 11/02/2016
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