Tarefa fascinante
Padre Geovane Saraiva*
Dia é o espaço de tempo que vai, em determinados lugares da Terra, entre o instante do nascer do Sol e o seu ocaso, com claridade de luz e sol. É a esperança de cada dia que começa a despontar, circunstância durante a qual o Sol ilumina o horizonte, para o nosso contexto dentro do planeta, com duração de vinte e quatro horas, regulada pela rotação da Terra sobre si mesma.
O dia é sinônimo de claridade, de sol. Para nós cristãos, aos olhos da fé, “sol” é uma palavra que vai muito além da definição acima, transcende, e torna-se indizível no mistério insondável de Deus, no que assevera o Livro Sagrado: “Nunca mais o Sol a iluminará de dia, nem a Lua de noite, pois eu, o Senhor, serei para sempre a sua luz, e a minha glória brilhará sobre você” (cf. Is 60, 19).
Como é maravilhoso recordar o apóstolo Paulo, missionário por excelência; não conviveu pessoalmente com o seu Mestre e Senhor. No início, de perseguidor ferrenho da Igreja e dos cristãos, abraçou a fé na viagem para Damasco, que se deu no ápice da luz do Sol, transformando-o por completo: “Ora, aconteceu que, na viagem, estando já perto de Damasco, pelo meio-dia, de repente, uma grande luz que vinha do céu brilhou ao redor de mim. Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’. Eu perguntei: ‘Quem és tu, Senhor?’. Ele me respondeu: ‘Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu estás perseguindo’” (cf. At 22, 6-8).
Jesus é o Sol da justiça, da verdade e da solidariedade a nos desafiar, nas palavras do Papa Francisco (24.01.2016), em sua costumeira alocução precedida do Ângelus, ao dizer que comunidades católicas devem se juntar aos empobrecidos marginalizados, deixando claro: “Trata-se de oferecer a força do Evangelho de Deus, que converte os corações, cura as feridas, transforma as relações humanas e sociais segundo a lógica do amor; ser cristão com o ser ‘missionário’ implica em ‘anunciar o Evangelho com a palavra e, antes ainda, com a vida’”.
Dom Helder Câmara, força mística e poética da figura humana atemporal, nos assegura que o Sol da Justiça é dom e graça de Deus: “Há pessoas que, independente de idade, pelo que são, pelo que dizem e pelo que fazem, são sempre meio-dia”. Nesse sentido, recordando o Apóstolo dos Gentios, seja no anúncio do Evangelho e carismas, seja na missão e viagens, o Artesão da Paz, com enorme disposição e sabedoria interior, se esforçou para imitá-lo.
Guardemos as palavras do Mestre e Doutor das Nações, que intrepidamente soube anunciar a Boa-Nova do Senhor Jesus, consciente de que era para ele uma exigência, por isso mesmo sua disposição para tudo, até a própria vida por causa do Evangelho: “Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o instante da minha libertação se aproxima. Combati o bom combate, terminei minha corrida e guardei a fé” (2 Tm 4, 6). Amém!
*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com