Escola Bíblica: Moisés e sua lei, desvendando preconceitos - introdução2
ESCOLA BÍBLICA ECLESIÁSTICA EM CLASSE
MOISÉS e as leis do Antigo Testamento - 2ª parte
Quem foi Moisés? – Quando você ler alguma passagem da Bíblia não proceda como ingênuo mesmo em nome da sua fé. Acreditar é uma coisa boa, mas não justifica ninguém de ser tapado. Por exemplo, a Bíblia não contém todas as informações sobre pessoas, assuntos, problemas, histórias e teorias. O que Jesus Cristo fez até os 30 anos não sabemos. Mas ele fez alguma coisa. A Bíblia não menciona porque seus escritores não consideram importante os fatos desse período e não sabemos porque não consideraram valioso esse tempo. Não podemos imaginar que Jesus não viveu esse período porque a Bíblia não fala dele. Em suas epístolas, Paulo fala de cartas que enviou às igrejas locais e pelo que sabemos, tais cartas foram perdidas. Deixamos de tomar conhecimento de mandamentos, costumes e práticas interessantíssimas. Deviam estar na Bíblia, mas não estão. Nem tudo está na Bíblia.
Moisés é um personagem central para a história dos judeus. Foi ele o organizador das tribos dispersas para que se constituíssem numa nação antiga e chegassem aos nossos dias como Estado-Nação moderno. O que está escrito nos primeiros livros do Antigo Testamento podem ter sido escrito pelo próprio Moisés, nem sempre baseado no que ele viu, mas em tradições que ele foi reunindo.
Moisés tinha um único objetivo, unificar as tribos dispersas, constituir um povo poderoso, populoso, bem armado, capaz de conquistar um grande pedação de terra na Palestina, visto que no Egito, devido sua superioridade política e militar não havia condições. Para isto ele precisa fomentar entre estas tribos a idéia de povo escolhido por Deus, por consequência, fadado ao sucesso e a invencibilidade militar. Eles precisam acreditar que são o povo escolhido, que tem uma moral e uma fé diferenciada das crenças e comportamentos que circulam nas comunidades vizinhas do Egito. Eles tem um Deus diferente, leis diferentes e origem maior. Os livros do Pentateuco são um conto genealógico dos judeus que vão dos dias no Egito ao Jardim do Eden, provando que os judeus, na verdade descendem de Deus, do primeiro casal criado por Deus. Por isso, todas as leis morais, civis, cerimoniais formam um todo, não são separadas, e se dirigem, exclusivamente ao povo judeu.
A vida de Moisés – A Bíblia não entra em detalhes. Não tem finalidade histórica. Mas é preciso, para compreendê-la, recorrer aos estudos históricos daqueles tempos.
A Biblia não menciona, mas a princesa que salvou Moisés nas águas do Nilo se tornou rainha e faraó do Egito, posteriormente, chamada de Hatshepsut. Esta adotou Moisés como seu filho e o criou na corte do faraó Tutmés I. Hatshepsut mais tarde se tornará rainha e se declarará faraó do Egito, vestindo-se como homem e aparecendo nos relatos como usando barba. Esta foi a senhora que criou Moisés, o autor dos primeiros cinco livros do Antigo Testamento. Uma atitude feminista ousada, mulher que se vestia e se comportava como homem, numa época em que isso seria um horror e um perigo. Moisés conviveu com ela como se fosse seu filho. Era a rainha devota do deus Amon e de Horus, deuses egípcios. (http://www.osdezmandamentos.com.br/estudos/estudos_8.html). Moisés foi educado na corte, juntos com filhos de outros reis. A instrução no Egito antigo não era destinada a todas as pessoas, apenas aos membros da classe dominante, à aristocracia. Moisés então, tomou conhecimento de toda a cultura egípcia, religião, serviço militar, conhecimento geográfico, coisas que o ajudarão depois a levar os judeus por uma estrada que, qualquer pessoa não conheceria. Moisés aprende a arte da guerra no Palácio. Usou esses conhecimentos todos para retirar os judeus do Egito e para fundar a nova religião e para a invasão da Palestina.
Moisés tomou a religião egípcia para fazer uma diferente. Se os egípcios eram politeitas, ele criou o monoteísmo. Moisés tomou a política egípcia para fazer a sua. Neste caso manteve o regime teocrático egípcio adaptando-o ao monoteísmo. Todas as leis no Antigo Testamento visavam tornar os judeus diferentes em algum modo no comportamento usual das nações vizinhas. Mas, humana e historicamente, Moisés manteve muitas influências e muitas práticas dos povos ao redor do Egito, por exemplo, os sacrifícios com animais e o sacerdócio.
Agora, sossegados, podemos ler o Velho Testamento. As práticas, os mandamentos, o que se fala sobre alimentação, moral, família, acesso a Deus, governo, tem a ver com um contexto de época, tem que ser comparado com os costumes daqueles dias. Podemos sim, retirar lições preciosas destes relatos, mas fazendo o que os teólogos denominam de aplicação do texto, princípios de vida do texto, jamais aplicando-os ao pé da letra, sem levar em conta que muito daquilo era fruto do entendimento da época sobre situações e problemas que o progresso da humanidade deu outras respostas.
Não é porque um mandamento está na Bíblia, está no Antigo Testamento, que ele deva ser levado a ferro e fogo em nossos dias. Muitos mandamentos que utilizamos em guerra santa contra pessoas, outros grupos, em garantir nossos preconceitos, não poucas vezes vem acompanhados de determinações paralelas que não cumprimos. Por exemplo, no Antigo Testamento não basta condenar publicamente um comportamento adúltero, é preciso matar o adúltero. Dizer que Deus ou Jesus manteve uma coisa e aboliu a outra é uma farsa e falta de honestidade que você não deve esperar de um cristão.
Nem tudo que está na Bíblia, porque está nela, é unicamente divino. Nas páginas da Bíblia estão opiniões, conceitos e preconceitos comum não apenas aos judeus, aos autores dos livros, mas aos povos que viviam próximo dos judeus e era a única e melhor forma de pensar aqueles assuntos para aquela época.
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