Estudos em Mateus 2 - Fé cristã e outras religiões

Introdução

Mateus é um escritor judaizante. Pertencia ao ramo palestiniano da fé cristã que se opunha aos ensinamentos do apóstolo Paulo e estava mais ou menos alinhado com os ensinamentos do apóstolo Tiago.

Nascimento de Jesus e as relações inter-religiosas

1. O evangelista considerou importante que líderes de religiões orientais, não judaicas, não cristãs tivessem vindo adorar, prestar respeito e admiração a um líder de uma facção judaica, fundador de outro segmento religioso.

Isso soa estranho e por isso o assunto não está abordado com profundidade em nossas faculdades e púlpitos. É um relato que coloca o fundamentalismo de cabeça para baixo, pois afinal, a adoração a Deus e a Sua mensagem não são propriedades de determinados grupos denominacionais. Alguns passos foram dados mas encontram dificuldades ante o pedantismo teológico, ao registro pessoal de posse da verdade, por grupos, mas as igrejas cristãs, já conseguem, vagarmente, conversar entre si, nas associações de ministros cristãos. Nosso problema maior continuará no diálogo entre religiões cristãs e não cristãs.

Estaríamos diante do quadro da missão universalista de Jesus Cristo. Que bem pode assumir formas de revelação diferentes das nossas em outras culturas. Vale aqui um retorno ao pensamento de Russell Norman Champlin. Ou estaria Mateus querendo nos transmitir uma idéia de superioridade da cultura e da teologia judaica em relação às de outros povos e cultura?

2. Herodes a realeza de aparência

Herodes se apavorou ao ouvir a denominação de "Rei dos judeus" pelos magos e pelo povo simples da Judéia. Ele se considerava rei.

Seu título era uma gentileza concedida pelo Imperador Romano. Na prática, Herodes não era rei, mas vassalo de Roma. Era um judeu que vendera sua nacionalidade em troca de vantagens políticas, na linguagem moderna, um entreguista. Os nossos pastores poderiam proceder uma investigação histórica desse personagem para transmitir aos seus ouvintes as características de sua personalidade e trazê-las para o terreno da nossa prática de cidadania em nosso país.

A) Perfil de Herodes na perspectiva muçulmana:

1. Gostava de ser chamado "o Grande";

2. Reinou durante 33 anos;

3. Homem cruel e presunçoso;

4. Dava pouca ou nenhuma importância a fé dos judeus;

5. Tinha um ciúme enorme de Salomão que chegou a "reconstruir um templo em Jerusalém" e deu o nome de "Templo de Salomão"; qualquer semelhança é mera coincidência.

6. Tinha mania de perseguição; Mandou assassinar o próprio filho por ciúme do amor que o povo lhe tinha; Mandou matar a própria esposa suspeitando de traição.

(http://www.rmesquita.com.br/herodes.htm)

7. O historiador Josefo registra sua morte - "“uma coceira intolerável em toda a pele, contínuas dores nos intestinos, tumores nos pés, como na hidropisia, inflamação do abdômen e gangrena nos órgãos genitais, resultando em vermes, além de asma, com grande dificuldade de respiração, e convulsões em todos os membros”. (“A guerra dos judeus”, I, 656, XXXIII, 5)." - http://cienciaconfirmaigreja.blogspot.com.br/2008/12/enquanto-os-santos-inocentes-reinam-no.html.

3. Religião na hora do apuro

Herodes dava a mínima para as religiões, nem para a sua que seria natural, o judaísmo. Mas nesta hora de crise, perigo de perder o poder, valeria escutar lideranças religiosas e converter seus ensinamentos a seu favor.

Em nossos dias as coisas não são diferentes. Nem precisam os políticos chamar os nossos modernos pastores, que se auto intitularam assim, estes próprios vão procura-los e oferecer seus serviços teológicos para as classes políticas, especialmente, aquelas que vivem da exploração da miséria alheia.

4. A importância dos sonhos para o nosso desenvolvimento espiritual

Os fundamentalistas em nome da suficiência das Escrituras em matéria de fé, desprezam totalmente os sonhos como uma das formas de que as forças superiores se comuniquem com a nossa alma. Creem eles que o encerramento do Canon Sagrado deu-se com a conclusão do livro do Apocalipse e que Deus encerrou qualquer outra forma de revelação.

Os pentecostais deram importância exagerada aos sonhos e transformaram seus individuais em motivo para fundação de centenas de novas denominações, atacando-se umas às outras.

Qual o lugar dos sonhos no equilíbrio da nossa personalidade? Que dizem as diferentes correntes da Psicologia e do pensamento científico? Precisamos retomar esse assunto, com maturidade, aprofundamento em nossas comunidades. Os sonhos são matérias importantes e o sonho de toda a comunidade, desde que voluntariamente, devem ser debatidos para a saúde mental e intelectual dos que assistem os cultos. Transformá-los na justificativa de atitudes desordenadas e doentias de falsos pastores é a mesma coisa que desprezá-las como forma de que Deus fale conosco no cotidiano ou limitar a atuação de Deus sem Seu consentimento.