O pastor e sua vocação - Parte 1
Manoel Messias Dias Costa, pastor
A palavra vocação é definida nas diversas enciclopédias e também nos vários dicionários da Língua Portuguesa por "tendência, inclinação natural para qualquer ofício, profissão, inclinação para o sacerdócio ou para a vida religiosa, ato de chamar, escolha".
Usaremos o termo no sentido de "chamada, escolha", pois entendemos que é neste sentido que a Palavra de Deus o usa. Em Gálatas 1.15 lemos que Paulo foi chamado desde o ventre de sua mãe. A palavra que aparece ali é "kalésas", a qual vem do "kaléw", cuja tradução é "seleciono para assumir um cargo, um ofício" (W. C. Taylor).
A chamada do ministro, portanto, é de Deus. Não parte da vontade humana.
Tem nos preocupado bastante a questão da chamada ao Ministério nestes últimos tempos. Temos sido informados de alguns colegas que tem abraçado a carreira ministerial com bastante entusiasmo, mas muito cedo a abandonam. Creio que todos os crentes, sem exceção aceitam sinceramente que o Ministério da Palavra de Deus é a carreira mais importante deste mundo, superando qualquer profissão ou posição secular.
Sendo verdade isto, e de fato é, o que está ocorrendo por parte de alguns colegas de Ministério que cedo deixam o pastorado para se ingressarem em funções inferiores? Estará o erro neles? Ou estará o erro nas igrejas que os chamaram?
Creio, particularmente, que o problema está havendo em decorrência de uma visão errada do Ministério da Palavra de Deus. Esta visão errada, tanto é dos pastores, quanto das igrejas.
Apresentaremos três características de um ministério profícuo e permanente, que se observadas, certamente nos levarão ao sucesso ministerial.
------Comentários de Acir da Cruz Camargo:
Este estudo foi apresentado em 27 a 29 de março de 1986, no Acampamento Maranata, na 28ª Assembléia da Associação das Igrejas Batistas Regulares do Estado de São Paulo. Vou inserir pequenos comentários para estabelecer com o autor e com os leitores atuais um diálogo, discussão que aprofunde e edifique quem aproveitar o texto e o contexto.
(1) Seria um chamado ao estilo calvinista, no qual não há o elemento humano na decisão de ouvir e seguir? Em outras palavras, qualquer desistência das atividades ministeriais de um pastor ou vocacionado implicaria numa desobediência a Deus? Por que as pessoas desistem de serem religiosas, vocacionadas, pastores ou missionários? Perceberam que não era o que desejavam, não possuiam aptidão intelectual para tanto. Por exemplo, para ser pastor ou missionário é necessário possuir um temperamento extrovertido, boa comunicação, sociabilidade e saúde física. Às vezes, pode ser melhor estar fora do que ser hipócrita numa atividade que requer certos princípios específicos. De repente, seríamos melhores professores, médicos, operários ou servindo a Deus nestas funções do que nos púlpitos ensinando.
(2) Um fator que devemos considerar é a insegurança em que se imerge a vida de quem deseja ser pastor em muitas denominações. Há igrejas que não registram os pastores em carteira, deixando a aposentadoria, planos de saúde a cargo da sorte do obreiro. É uma vida instável, visto que saindo de uma igreja ou denominação, viverá como? Encontrará outro pastorado com facilidade? Além disso, as igrejas amarram os pastores às suas declarações de fé, tornando arriscado pensar e divergir, ficando sem moral perante outros colegas e sem quem o queira.
(3) Alguns pastores vivem em gordas mordomias. Dormem tranquilamente. Não visitam, apresentam as mesmas mensagens, não estudam e estão bem acomodados. Há os que sequer percebem que seu tempo na comunidade passou. Os pastores deveriam perceber quando chega a hora em que seus ministérios não dão mais frutos neste ou naquele local. Mas vão viver do que?