FREI BOLINHA, COMPANHEIRO DE SÃO FRANCISCO

Esta é a emocionante história de Frei Bolinha, contada de boca em boca, em várias partes do mundo. Um homem gordo, mas ágil como um adolescente. Solitário, mas que sempre cantava e sorria. Um homem que, por onde quer que passasse, fazia amigos e deixava saudade. Ninguém nunca soube o seu verdadeiro nome, mas o mundo o conheceu como Frei Bolinha.

É assim que Sérgio Lapastina escreveu esse livro intitulado Frei Bolinha, Companheiro de São Francisco (ed.Mercuryo,SP,2003), em cuja obra ele reúne um pouco das histórias e aventuras desse frei que muito bem soube transmitir os ensinamentos de São Francisco.

Na comunidade do Irmão Francisco ele era chamado de o irmão gordo. Um dia, passando pela Vila de Padre Marcelo, deparou-se com uma situação inusitada e dramática, onde uma senhora, de nome Helena, ardia de dor e de febre; e sem saber o que fazer, arrancou um chumaço de algodão da barra de sua túnica, fez uma bolinha e a pôs na mão de Helena, dizendo-lhe : segure com força este algodão. Ele é especial e vai ajuda-la na oração. Agarrada àquela bolinha de algodão, a mulher orou com veemência e, por fim, acalmou-se; a dor passou e ela dormiu.

Ao acordar ela disse: esta bolinha fez com que eu me curasse.

- Por favor, não diga isso, respondeu o Frei. Deus atua de formas estranhas e diversas. A bolinha foi apenas a chave, que serviu para canalizar a sua fé, completou o frei.

O filho de Dona Helena, vendo a recuperação da mãe saiu correndo e gritando: - Minha mãe está boa, o Frei Bolinha a curou, o Frei Bolinha curou minha mãe.

E foi assim que o Frei Gordo passou a ser conhecido de todos como Frei Bolinha. Era chamado de dia e de noite para atender seus habitantes. Onde houvesse um doente, lá estava, de forma simples e humilde, colocando a sua bolinha sobre o local dolorido ou dava para que a pessoa a segurasse. Orava com o doente, dando forças e esperanças. Para todos que visitava deixava uma bolinha de algodão tirada de sua própria túnica.

Nem tudo eram flores no caminho de Frei Bolinha. Enfrentou muitas resistências e incompreensões no início de sua jornada, mas, com sabedoria e paciência, soube vencer as tribulações.

A cada doente que visitava ele repetia o gesto pelo qual ficou famoso. Arrancava um chumaço de algodão da barra de sua túnica, e com ele fazia uma bolinha, energizando-a com uma prece, e, a seguir dizia: - Pegue esta bolinha e me ajude numa oração.

Quando diziam que ele era um santo e que a sua bolinha era milagrosa, ele se apressava a dizer: - Não, não sou santo, e muito menos a bolinha possui qualquer propriedade milagrosa. Foi você mesmo (a), com sua fé e pela caridade, quem ajudou o Pai a curá-la, e é nisso que quero que acredite.

Igual ao irmão Francisco, ele também chamava o sol, de irmão sol, e a lua, de irmã lua. Às aves que vinham ao seu redor, ele dizia àquelas que estavam angustiadas:

_ O que foi, minha pequena ave ? Já vi seus filhotes, são lindos e desejo para eles toda sorte deste mundo.

Um dia, ao olhar dentro de um ninho ele viu que sobre um passarinho doente estava uma bolinha que ele havia feito na noite anterior. Como poderia aquela irmã ave saber da bolinha. Estaria ela usando-a como energizadora para o filhote?

- Ora, Bolinha, pouco interessa como e o porquê de tudo isso. Deixe de ser besta e vamos ao trabalho – disse para si mesmo. Então, fez uma oração: Pai, permiti que a bolinha cumpra seu papel e essa avezinha fique curada, e a seguir passou a mão sobre o algodão que cobria o corpo do passarinho, e este acabou curado.

Foi assim também bondoso com o irmão cão, com o irmão cavalo e com o irmão boi.

Soube esparramar a bondade e a caridade. Viveu na pobreza, na humildade, na doação...

Um dia, porém, foi encontrado morto, caído no chão da sua cabana.

O Frei Bolinha partiu, mas o seu exemplo ficou, e a sua história, a exemplo do seu companheiro Francisco, serve de inspiração para todos nós.

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