Breve Histórico do Cristo Místico – A Supremacia do Reino
No princípio, era apenas um pequeno movimento de fanáticos da Judéia e cercanias, tendo por líder um tal de Jesus de Nazaré, filho de carpinteiro e amigo de pescador.
Ele se dizia Filho de Deus e pregava o Amor, a Justiça e a Humildade. Andava a vagar de lugar em lugar a exalar o doce perfume de suas palavras.
Ele foi reprimido pela sua própria gente que com mãos gentílicas o pregaram numa cruz. Findou assim a sua Luz.
Bem, esta é a história do Jesus Histórico, aquele que dividiu a história do homem ocidental em antes e depois Dele.
Após sua morte, seus discípulos anunciaram sua ressurreição e, embasados em seus ensinos fundaram o movimento que veio a ser chamado de Cristianismo.
Daí surgiu a Igreja, a Noiva do Cristo Místico, o Reino de Deus sendo estabelecido pelos seus concidadãos, os cristãos. Os “embaixadores do Reino de Deus ” sobre a terra, os “forasteiros da Dispersão ”. Cada vez mais evidente, clarividente.
O cristão tem por função então e tão somente, defender o interesse do Reino de Deus, ele é o seu representante na terra. Isto é ser cristão e o resto, o resto é confusão, baboseira de homens, pura alienação, putrefação.
Quanto a Igreja, de início foi barbaramente perseguida pelos romanos. Cristãos foram pendurados, a exemplo de seu líder, em cruzes, outros foram decapitados, mutilados.
Da mistura da cultura greco-romana surgiram suntuosas construções somente para, repleta de pessoas, assistí-los. Multidões, imperadores e senadores passavam calorosos domingos a apreciá-los serem dilacerados pelas bestas-feras.
A despeito disto, o movimento continuou e sem que os próprios romanos dessem conta, deu uma cartada de mestre. Rendeu aos seus pés o Império. Este estava acuado, não tinha muitas opções e rapidamente se curvou à Igreja.
Eclodindo das catapultas da cidade a Cruz de Cristo toma posse de Roma. Foram bem mais sorrateiros que os bárbaros do final do Império, não ouve derramamento de sangue, nem ao menos uma morte.
Platão, Sócrates, Aristóteles, Sófocles, as legiões romanas, os centuriões, os deuses e sábios gregos e romanos, cadê? Onde foram parar? Apolo, Júpiter, Netuno, Afrodite, Diana, onde estão? Virou lenda, palavras de homem, um mito. Não os puderam salvar.
- Eu sou mais é Cristo. Gritou Constantino. Estava só, sozinho.
Esqueceram-se por longas datas dos sábios gregos. Seus antológicos e belos discursos, suas melhores exaltações do amor, suas palavras, seus questionamentos, suas indagações – Fredo, Política, Prometeu Acorrentado, Ética a Nicômaco, Fédon – onde foram se enfiar? Renegadas, esquecidas, levadas embora pelo vento provindo da província de Judá.
Desde então ela, a Igreja – a Noiva do Cristo Místico, só cresceu. Cresceu, cresceu, misturou-se com outras religiões e credos. Cada papa inventada uma nova moda. Cada “Pedro” um novo erro.
Ficaria muito difícil, seria de muita delonga e não é isto o que se pretende, explicitar onde a Igreja deixou de ser cristã, ou então, quando a instituição humana “igreja” deixou de ser Igreja.
O que chamo e merece atenção, e por isso será pormenorizado, é o fato de que: O Cristo Místico prevaleceu! Se desfigurado ou não, se sem mácula ou não, não importa!
O que importa é que: Mesmo a uso de interesse de homens e sendo conduzido por homens, o Reino de Deus era expandido peal face da terra. Nada era capaz de detê-lo.
Seguindo a risca as palavras de seu líder maior “ide por todo o mundo e pregai ”. Mesmo que deficiente, pobre, às vezes raquítico, com muito poucos verdadeiros exemplos. O Evangelho, as Boas Novas da Salvação, era difundido por entre os povos.
Fez a ciência ficar calada “e fez o homem do pó da terra ”, embasava a exploração dos pobres pêlos ricos “oferecei a outra face ”. Confortava os aflitos “os que com lágrimas semeiam, com júbilos ceifarão ”.
Belas palavras! Confortam a alma, trazem alento na solidão e paz ao coração.
Alguns homens lembraram que também existe sabedoria nas palavras humanas. Não são muitos dados a fazer o bem, a semear fraternidade, liberdade, paridade. Isto não faz parte do feitio deles. Mas, entre eles a exceções.
Cultivado a princípio no seio dos sábios da igreja, o retorno à sabedoria grega extrapolou os muros desta. As dúvidas, antes caladas com a pena do papa, encobertas pelo manto da igreja, foram se espalhando, se multiplicando, tomando múltiplas variações. Questões foram levantadas, as Sagradas Palavras não mais bastavam.
- Nós somos sábios! Ecoou pelos lugares.
- Somos seres racionais, “penso, logo existo ”, “homo sapiens sapiens”, “homem que sabe o que sabe”. E o que sabem!?
- Não precisamos que um morto nos diga o que fazer. Arremataram.
Nisto a igreja se dividiu. Entrou em conflito, seus dogmas, conceitos, ritos e preceitos passaram, também, a serem questionados pela própria igreja.
Separou! Virou duas, três, quatro, cinco, hoje é dízima periódica. Ninguém mais sabe quantas são, mas sabe-se que têm de montão.
- “Deus está morto” ! Disse um.
- “Somos primos do macaco” ! Disse o outro.
- “a Igreja é uma droga” ! Ouviu-se de um terceiro.
Mas, outros homens espertos diferentes dos da sua época, souberam com muita precisão e maestria equilibrar o Sagrado e os novos tempos.
Então, atravessaram os oceanos, descobriram novas terras e na frente deles, a Cruz de Cristo. E saíam ensandecidos a matar, em o Nome de Cristo.
- Eles são aborígines, índios, cultuam outros deuses, queimarão no fogo dos inferno, é preciso salvá-los. E eram pelas igrejas abençoados.
- Converta-se ou morra! Soavam aos quatros ventos e o sangue jorrava e prosseguiam a matança. Assassinos! Covardes! Insolentes! Dementes!
Como queriam eles que os nativos entendessem o “amarás o teu próximo como a ti mesmo” , como explicar “Jesus é o Pão da Vida ”. Pão da Vida que alimenta e se satisfaz com a morte? E, ainda, se contenta apenas com o brilho e resplendor do ouro.
Que deus sádico era esse?!
O temível inimigo aguardado, já predito pelos deuses adentrara em suas terras. Montado em seu cavalo branco que atravessara mares arredios, com a Cruz de Cristo no escudo a guiá-los pelo caminho, “Eu sou o Caminho ”. Em o Nome do Cordeiro as fronteiras se expandiam.
Seus deuses, seus palácios, seus templos, cadê?
Não os puderam salvar! Novamente, todos sucumbiam ao Messias.
Mas, além de bárbaro este também era negociante, viajante.
As personificações criadas pela imbecilidade do humana do Cristo. Cada uma ao seu tempo, mais rápida que o tempo, “em Teu Nome realizamos milagres ”, “afaste-se de Mim maldito ”, somente que, a Cruz prevalecia.
E, o que dizer da ciência?
Esta teve passe livre. Descobriram a fórmula para viverem em paz. A igreja e a ciência, cada uma no seu canto, para que não haja mais pranto.
A terra viu-se ser redonda, o sol não gira mais, agora somos nós que rodamos e de duas formas. Ora, isto a Palavra já dizia “Ele é o que está assentado sobre o globo da terra ”, “Ele é o que faz pairar a terra sobre o nada ”.
Quanto trabalho deu para descobriu tudo isto.
Mas, valeu a pena. Leis, teoremas, teses e dissertações iam explicitando os pormenores do planeta. Apontavam novos caminhos ao homem. Novas verdades, novos estilos de vida.
- Descobriremos a felicidade do homem nós mesmos! Apregoavam.
O tempo passou e o mundo virou moderno, pós-moderno, contemporâneo, quase que eterno.
On-line, genérico, esférico, espacial, microscópico, eclético, “não há mais limite para o que intentam fazer ” e as descobertas confirmam isto.
Visitou a lua, ultrapassou a velocidade do som, quase chegaram a Plutão. Examinam as estrelas, observam os planetas, descobrem novos mundos, galáxias, cometas.
E nos dias de hoje?
O que falar do Cristo Místico, o que falar de sua Noiva, a Igreja?
“Imitai a Cristo ”, essa é uma máxima do Cristianismo. Se olharmos por este lado, a prática de vida onde os discípulos imitam o Mestre, é muito difícil distinguir por entre a multidão alguns “Cristo”.
Mas, por outro lado, se levarmos esta ótica de visão para a história da igreja isto também se verifica. Então, sempre foi assim.
Muitos poucos “Cristo” até para confirmar as palavras do Cristo “muitos são chamados, poucos escolhidos ”.
Não obstante, Ele continua cada vez mais em evidência. Sua luz, para alguns apagada na Cruz, continuou a brilhar, a se ramificar, se multiplicar.
Talvez tenha perdido sua essência, não há mais paciência, apenas aparência. Uma mera fachada, um “sepulcro caiado ”.
Mas, sobre a lápide desta sepultura existe uma Cruz dizendo que a alma foi a Deus encomendada. Estava enfadada, cansada, não agüentava mais as mazelas e quirelas deste mundo mal, hostil, vil.
A razão nos confirma e a história explica que antes mesmo da Babilônia de Hamurabi e Nabucodonosor, da Assíria de Assuero e Senaqueribe, do Egito dos Faraós, do Israel de Davi e Salomão, passando pelo politeísmo dos gregos e romanos e até a Idade Média, o homem jamais abriu mão do Sagrado. Sempre manteve em relevância seu lado místico, mesmo que por conveniência.
Com o Renascimento, renegou o transcendente e privilegiou o humano, tido por excelente, eminente.
Ocorre que, e isto já faz tempo, a ciência não satisfez as perguntas do homem. Também fez muito pouco para a harmonia entre os seres.
E hoje, é notório o retorno ao mundo místico. Lendas, fábulas, fadas e duendes, bruxos, sereias e feiticeiras.
Quanto ao Cristo Ele é Místico e está só a aumentar as suas fronteiras. Tomou posse do Afeganistão, está a passear pelas ruas e praças de Bagdá e muito em breve estará na Síria, Jordânia.
Lembram-se dos comunistas que matavam cristãos e comiam criancinhas, cadê? Pois é, já não mais existem. Caiu o muro!
Hoje, Ele serpenteia por entre os tigres asiáticos, “pega” ondas no Caribe, perambula pela aldeias da África, o temível dragão chinês recua ante o Sangue do Cordeiro.
É pop, ouve rock, hip-hop, samba, rap, pagode, até “death metal” e freqüenta festa “raive”.
Cristo superstar. Cristo estético, Cristo cibernético, Cristo elétrico nada Ético.
Transmitido via ondas, por cabos telefônicos, fibras ópticas, parabólicas.
Muito em breve dará de novo o seu golpe, ardilosamente, como no tempo dos romanos. Tudo sucumbe à sua Cruz.
Já me é cansado e enfadonho pensar em suas muitas personificações fetia pelo homem, quanto mais, falar delas. Não encontraria eu palavras suficientes, transcendem a minha razão e falta-me compreensão.
Mas, quem poderá negar e para o Cristo Místico e a expansão dos limites de seu Reino, o Reino de Deus?!
“Céus e terra passarão, mas minha Palavra permanecerá, sempiterna ”. Amém.
Graça e Paz.