Marcus, eu não afirmo que o homossexualismo é cultural. A opinião sobre ele é cultural. O pastor Israel Biork defendia uma tese fundamentalista, boa, mas que nem eles seguem muito a risca, de que na Bíblia há elementos culturais, transitórios e há princípios eternos. Distinguir uns e outros ajuda a compreensão da Palavra de Deus. Deus é universal, não pertence, está acima da cultura judaica e acima do próprio cristianismo. Deus está acima da própria Bíblia.
Um exercício prático para todos, seria começarmos uma leitura devagar no Gênesis e anotarmos TODOS os mandamentos, atribuidos a Deus pelos escritores e profetas, numa tabelinha com quatro colunas (número de ordem, nome do mandamento, cumprimos sim, não cumprimos). Façam isso, é uma experiência enriquecedora.

Por exemplo, a Bíblia exige a pena de morte para uma moça que casa sem virgindade. Como escreveu Moisés, "isso é para concerto eterno". A Bíblia institui a pena de morte para a idolatria. Não estamos obedecendo isto. Deus, na Bíblia, permite a escravidão. O que diremos disto? Deus incentiva, ou seja, guerras santas e genocídio religioso seriam da vontade de Deus. Tá certo que o fundamentalismo estudadunidense pratica isso quanto invade outros países.
Como explicar a ordem para as mulheres usarem véu nas congregações? O véu era um problema espiritual que surgiu da cabeça de Paulo, como o aborto surgiu da cabeça do Papa? Claro que não, ambos são problemas culturais. O véu era um assunto que interessava gregos, romanos, cristãos, não cristãos, ateus, nos dias de Paulo.
Nos tempos bíblicos o casamento era diferente do que o mundo ocidental, influenciado pelo Império Romano, definiu. Eles, inclusive, não tinha casamento civil. As sociedades primitivas eram teocráticas, assim como os árabes ainda são. Não havia o aspecto civil da sociedade. Isso veio com a Revolução Francesa em 1789.
O casamento tinha como finalidade a procriação. Aqui uma chave para entender o ódio que os líderes teocráticos tinham com a homossexualidade. Tanto que a família nos tempos bíblicos se constituia em mais de uma esposa e concumbinas, sem nenhum problema. Tanto que há passagens bíblicas "atribuidas" a Deus, em que ele fala que isso é a sua vontade. Quando uma mulher não tinha como dar a luz, as sociedades todas daquele tempo, se eu ler a Bíblia e não estudar a História primitiva, vou ter a impressão errada de que apenas os judeus faziam isto, ela podia ser deixada pelo marido, sem qualquer "pecado". Era muita bondade de um homem, como Elcana, quando ele não fazia isto (marido de Ana). A história do nascimento do profeta Samuel é uma demonstração de como funcionavam as sociedades primitivas, além da judaica, com respeito a maternidade, casamento e família. Estes povos, não eram nações estabelecidas, como imaginamos e vemos hoje. Estavam em formação, por isso, seus líderes impunham regras para causar a coesão do povo, distinção deste em relação aos outros. Não tinham os problemas demográficos que temos, problema de fome e escassez de alimentos, pelo contrário, precisavam de exército forte, de número para invadir, por isso a procriação tinha um papel fora do comum.
Se o objetivo era a procriação (leiam a história de Ana e de Abraham, mas existem outras...), claro que o homem poderia ter várias mulheres, óbvio, homem com homem, mulher com mulher, não procriam, não aumentam a nação. É pecado pois.
Marcus, vamos estudar aqui a cultura dos tempos bíblicos? Que tal cada listeiro, começar ler sendo "Primeiro Testamento" e observando, ou vamos tomar aqueles livros que recomendamos aos alunos de Seminário - Introdução bíblica - J. Cabral, Antonio Neves de Mesquita...