TIRAI A PEDRA!
João 11
Betânia estava de luto. Lázaro morrera. Bem que as duas irmãs, Marta e Maria, enviaram sete dias antes um emissário avisando a Jesus que o amigo a quem ele amava estava doente. A decepção fôra grande demais! Jesus, após saber da notícia e deduzir das palavras do enviado a angústia e a apreensão das duas irmãs pela sua presença, ainda se demora dois dias no território Além-Jordão.
Dor, solidão, tristeza, lágrimas, saudade, incerteza, dúvida, amargura, sentimentos que estremeciam os corações sofridos e sensíveis de quem perdera o ente mais querido, e o amigo permanecera à distância. Por certo o tempo encarregar-se-ia do alívio e do consolo.
Quatro dias depois do sepultamento, Marta é avisada de que Jesus se encontra nos arredores de Betânia. Mesmo com o peso de todas estas emoções que a envolviam, até então encontra forças e corre ao seu encontro. Ao vê-lo ainda consegue exclamar com entonação de lamento mais do que de súplica: “Se estivesses estado aqui meu irmão não teria morrido!” Embora com a afetividade despedaçada não perdeu a fé. Conclui: “Mas sei que tudo o que pedires ao Pai ele te concederá”.
O olhar do Amigo diz tudo. Penetra, sonda, perscruta as profundezas de seu coração. As palavras nem seriam necessárias, mas sua voz é ouvida: “Eu sou a Ressurreição e a Vida...” Ela não entende. Jesus explica. A pedido seu ela vai chamar Maria. Diante dele ela repete as palavras pronunciadas anteriormente pela irmã. Silêncio!...
“Onde puseram o corpo?” Dirigiram-se ao local, juntamente com Jesus. Muitos judeus os precederam. A curiosidade era bem maior do que a fé. Desejavam ver a sua reação emocional diante do túmulo do amigo, e o que faria frente a frente a esta realidade. E eles presenciaram a humanidade de Deus revelando-se entre lágrimas, gemidos e soluços, não pela perda do amigo, mas pela dor das irmãs, tão amigas e tão generosas. Seu coração, mais do que os seus olhos, condoia-se no seu íntimo. Jesus derrama-se em misericórdia.
“Tirai a pedra!”- ordena Jesus. A reclamação veio em seguida: “Ele já cheira mal. Faz quatro dias que está sepultado”. Jesus ora ao Pai e agradece por aquele momento. Os olhares estão fixos na entrada aberta da sepultura. Silêncio profundo. Batimentos cardíacos acelerados. Respirações extáticas. Corpos rígidos. Expectativa. Medo. Apreensão... Este momento fascinante é quebrado pela voz do Amigo: “Lázaro, vem para fora!” E aquele que jazia nas trevas, reviveu para a luz. Uma última recomendação de Jesus: “Desatai-o e deixai-o ir!”
Corações de homens e mulheres de todos os tempos assemelham-se a túmulos ambulantes. “Vivos mortos” em vida, passam pelo mundo “cheirando mal”, exalando odores fétidos de amargura, rancores, mágoas e ressentimentos, reclusos em suas próprias sepulturas. Corações empedernidos e endurecidos, dos quais Deus fala veementemente pela boca do profeta Ezequiel: “Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne”.
É tempo de ouvir a voz do Senhor. É tempo de renascer para uma vida nova, com um coração compassivo para com os irmãos e sensibilizado às coisas do alto, repleto do temor do Senhor, e modelado pelo Espírito Santo. Eu sei que a pedra que bloqueia a entrada do seu coração é grande, pesada, maciça; sei também que você nunca conseguirá removê-la sozinho, sozinha. Por isso Jesus ordenou: “Tirai a pedra!” Ele não disse: “Tire a pedra!” Algumas pessoas ajudaram para que ela pudesse deslizar e deixar à mostra a saída do sepulcro. Agora, neste instante em que você está lendo esta mensagem, eu sou uma destas pessoas que quer colaborar com você. Deixe-me ajudar! Não importa quem ou o que você é. Deus quer realizar uma grande obra na sua vida. Acredite. Creia. Confie. O Senhor é fiel!
Pedra retirada, túmulo exposto, você pode ouvir a voz de Jesus que lhe chama pelo seu nome: “----------------, vem para fora!” E você que estivera morto, você que estivera morta, reviveu. A Água Viva do Espírito Santo lavou as manchas de adultério, falsidade, ódio, sentimentos de vingança, idolatria, que enlameavam o seu coração. Mas é preciso ter cuidado com as amarras. Naquela época os mortos eram sepultados como se fossem múmias. Sair com estas amarras seria um grande sinal de imobilidade e acomodação para Lázaro. Em vista disso, Jesus orienta: “Tirai as amarras e deixai-o ir”.
Mesmo renascidos pelo amor misericordioso de Jesus, ainda trazemos amarras em nós. Elas têm de ser retiradas; principalmente as que trazem as marcas do sentimento de culpa. O Sacramento da Reconciliação nos espera. A misericórdia e o perdão querem nos abraçar. Não é mais tempo de perder tempo. Que o Sacerdote, em nome de Deus, quebre todas as amarras do seu coração, e que você acolha a paz.
ALMacêdo