DEUS CRIADOR

DEUS CRIADOR

Muito se tem escrito, nos últimos decénios, defendendo e negando a existência real do Ser supremo.

Procura-se a Deus no homem e fora dele, no céu e na terra, no mar e em todos os reinos da natureza e suas leis.

Enquanto uns percorrem todos os recantos do planeta, pesquisando, analisando, e dizem que não divisam o Criador, outros afirmam que, em todas as suas pesquisas etnológicas e geológicas, em seus estudos das leis que regem a matéria e os seres animados, veem, a cada passo, as marcas digitais do grande Oleiro, que criou a matéria e deu forma ao mundo, d’Aquele que soprou o “fôlego da vida” e trouxe à existência a multidão de seres que pululam por toda parte. Enquanto uns olham ao microscópio e ao telescópio, e exclamam que não enxergam a Deus, outros, como Newton, se encerram em sua Câmara secreta e dizem que falam com o Eterno; olham para dentro de si, e o veem no seu microcosmo interior; analisam o infinitamente pequeno e o infinitamente grande, os seres inferiores e superiores, e confessam que observam leis e indeléveis traços que atestam de um criador. E afirma o crente, com convicção: “Em tudo vejo o dedo de Deus!”

Sim, quer baixemos os olhos ao mundo dos micro-organismo, quer os elevemos à vastidão infinita do espaço, pontilhado de corpos a girarem em suas órbitas, vislumbramos sempre uma Inteligência superior a presidir a todos os fenômenos.

Mas, contesta o incrédulo, impedindo, olhando para a imensidão do universo: “Tudo isso é obra do acaso”.

Que é, porém, esse “acaso”? Ele é, em certo sentido, o criador do materialismo, o seu “Deus” como outro nome, para explicar a origem do universo e as leis que o regem. É uma das muitas palavras que por ai afora se inventam, para preencher a lacuna que fica quando se tenta eliminar o Criador.

Constitui-se p “acaso” uma palavra predileta para o materialista com que quer significar o encontro fortuito de átomos para a formação do cosmo. Mas os próprios patronos do evolucionismo, doutrina tão do agrado dos incrédulos, sentiram a sua fragilidade. Assim, diz La marck: “Coisa estranha, pensou-se que Deus era a própria natureza.... Confundiu-se o relógio com o relojeiro, a obra com o Seu autor; positivamente, é inconsequente essa ideia .... As leis da natureza não são mais do que a expressão da vontade d’Aquele que as estabeleceu”.

É Darwin, numa confissão que deixa transparecer sinceridade, afirma: “Eu nunca fui ateu, nunca neguei a existência de Deus.... Na impossibilidade de conhecer que este maravilhoso universo tenha podido nascer por acaso, parece-me ser o principal argumento para existência de Deus”.

Não querendo, porém, admitir o Ser eterno como causa primeira que trouxe todas as coisas à existência, os homens apegam-se ao débil acaso e ao inexpressivo incognoscível. Mas que é mais consentâneo com a razão – dizer acaso, incognoscível, ou Deus, ser incriado, existente por si, omnisciente? “O pensamento científico é obrigado a admitir a ideia de Deus”, afirma Lord Kelvin considerado um dos maiores físicos dos tempos modernos.

Nada, no mundo, no universo, opera à revelia. Tudo, seres animados e matéria bruta, com suas inumeráveis leis, pressupõe um legislador, uma causa inteligente. Não pode ter vindo à existência por si. Mister se faz que tenha sido criado por um Ser não contingente, eterno; um ser que do nada fizesse a matéria e os seres, imprimindo-lhe as leis necessárias à harmonia do conjunto. Nada mais lógico do que crer na existência desse Ser, a que chamamos Deus, não só como criador, mas também mantenedor dos mundos e da vida, Senhor supremo, Aquele que, segundo as palavras de S. Paulo “dá a todos a vida, e a respiração e todas as coisas” e em quem “vivemos, e existimos, e nos movemos”. Sim, em Deus nos movemos. É o centro propulsor de todos os movimentos do universo desde o mais gigantesco corpo celeste ao íntimo átomo, com seu “sistema planetário”. E esse vasto universo em vibração, em que há uma dependência mútua dos elementos, não pode deixar de ter uma fonte motora , donde promane toda a energia. Coisa alguma tem em si o movimento e a vida. Deus é a grande fonte geradora do poder que mantém a harmonia dos cosmos. Nele “vivemos, e existimos , e nos movemos”.

Bem escreve Hettinger: “Quando aceitamos a Deus, torna-se patente a verdadeira e grande ideia da vida sobre a terra. Não é um movimento de forças a se sucederem sem ponto de origem ou finalidade, nem é uma viagem incerta, indeterminada”. É verdade que não podemos ver a Deus, mas, como diz Cícero, conhecemos por Suas obras.

Tudo em a natureza testifica de uma inteligência superior, criadora. Vê-se a Omnisciência na ordem do universo, no instinto dos animais, na beleza de uma flor, como se pressupõe um hábil artista na perfeição de um quadro, na encantadora simetria de um monumento. Enfim, vislumbra-se o Criador nas obras criadas.

(Deus, a Natureza e Sofrimento Humano por João de Deus Pinho)

Pedro Prudêncio de Morais
Enviado por Pedro Prudêncio de Morais em 17/05/2012
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